A candidata à presidência Simone Tebet (MDB) foi a entrevistada da série de sabatinas promovida pelo Jornal Nacional, da TV Globo, com presidenciáveis nesta sexta-feira (26/8). Em 40 minutos, ela falou sobre corrupção, apoio dos partidos em sua candidatura, mulheres na política e seus projetos já implementados e planos para o Brasil, respondendo às perguntas de William Bonner e Renata Vasconcellos.
Tebet é a quarta participante da série de entrevistas realizadas no Jornal Nacional com os candidatos a presidente mais bem colocados nas pesquisas. O primeiro a falar em rede nacional foi Jair Bolsonaro (PL), na segunda-feira (22/8). Em seguida, na terça-feira (23/8), Ciro Gomes (PDT) sentou na bancada do telejornal global e, na quinta-feira (24/8), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou da sabatina.
Durante a entrevista, Tebet respondeu aos questionamentos de Bonner e Renata sobre orçamento secreto, seu plano de governo para o país e explicou como pretende executar os projetos que estão sendo propostos em sua campanha eleitoral. Veja abaixo os principais pontos que permearam a sabatina:
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Corrupção no MDB
A primeira pergunta da entrevista foi sobre corrupção. Renata Vasconcellos relembrou a fala da própria Tebet em que reconhece que o MDB, partido da candidata, se envolveu com corrupção. “Políticos do MDB envolvidos em escândalos de corrupção continuam no partido. Como é que a senhora pretende depurar O MDB?”, perguntou a apresentadora.
Tebet, então, defendeu o partido e disse que o MDB é “muito maior que meia dúzia de seus políticos e seus caciques". “Aprendi dentro de casa a ter coragem, espírito público e vontade de servir. O MDB vem da base, é o partido que tem maior número de prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e vereadoras. É um partido ético, que tem, sim, uma meia dúzia que esteve, por exemplo, envolvido no passado com o escândalo do Petrolão, do PT, e não estão mais conosco”, disse a candidata.
Em seguida, a presidenciável revelou que tentaram “puxar seu tapete” e impedir sua candidatura. “Tive que vencer uma maratona com muitos obstáculos. Disseram que o partido seria cooptado, depois que iriam para uma outra candidatura. Tentaram, em uma fotografia recente, levar o partido para o ex-presidente Lula. Jucializaram minha candidatura”, contou.
Renata insistiu na pergunta sobre corrupção e indagou a candidata sobre alianças com outros partidos. “A senhora vai ceder cargos a políticos desses partidos?”, perguntou. “Nós vamos governar com os partidos que se somem conosco, ninguém governa sozinho”, garantiu Tebet.
Falta de apoio dentro do partido
Diante da revelação da candidata sobre o processo de sua candidatura, William Bonner perguntou sobre a falta de apoio dentro do MDB. “Em nove estados e no DF, líderes do MDB declararam abertamente apoio a candidatos à presidência que são adversários seus. Por que a senhora não conseguiu unir o partido em torno do seu nome? A senhora não conseguiu unir o apoio integral do seu partido”, questionou.
Simone Tebet argumentou usando a polarização, que, segundo ela, está “levando o Brasil para o abismo” e fez com que alguns “companheiros do partido” fossem “cooptados”. A candidata aproveitou para relembrar alguns governantes e políticos que estão ao lado dela na corrida eleitoral.
Bonner insistiu na pergunta e levou para o debate a fala do candidato indicado pelo MDB para o governo do Mato Grosso, André Puccinelli, que manifestou apoio a Tebet, mas afirmou que não seria alvo de discrimianção quem decidisse votar em candidatos de outros partidos. “Eu tenho apoio lá (no Mato Grosso), não só do MDB, como do PSDB, dos partidos que estão lançando candidatura ao governo. A minha candidatura não vem para dividir [...] Estou vindo de um estado conservador, diante disso eu tenho que dar liberdade para os meus companheiros”, respondeu a presidenciável. “Os votos que eu terei serão pelo meu trabalho”, completou.
Aumento de candidatura de mulheres
Uma bandeira muito defendida por Tebet é a ampliação da participação de mulheres na política. Sobre isso, Renata Vasconcellos ressaltou os planos da candidata de ter um ministério com um número igual de mulheres e homens e perguntou como a presidenciável pretende superar a postura conservadora do MDB. “Não é só do meu partido, é de todos os partidos. Eles só cumprem a cota”, rebateu Simone.
A candidata pontuou alguns projetos e atuação em comissões em prol dos direitos das mulheres, principalmente na política. “Eu fui relatora e virou lei, está na Constituição agora, que os partidos que elegerem negros e mulheres, vai contar em dobro para o fundo eleitoral. Não é que vai aumentar o fundo, vai dividir e trazer mais fundo para os partidos que elegerem mulheres e negros”, ressaltou.
Renata voltou a perguntar à presidenciável sobre o motivo pelo qual ela não conseguiu envolver o MDB na luta pela ampliação das mulheres na política. “É uma escada, né, Renata. Tudo na vida da gente é difícil, você sabe disso. Como é difícil ser mulher na iniciativa privada, veja lá na vida pública”, destacou Tebet.
Tebet também relembrou alguns avanços históricos nos direitos civis e políticos das mulheres e reforçou seu compromisso com a pauta feminina. “Se eu virar presidente, o primeiro projeto que eu vou pedir para pautar na Câmara dos Deputados é igualdade salarial entre homens e mulheres”, garantiu.
Economia e Plano de Governo
Outro tópico que permeou a sabatina foi a economia e alguns pontos do plano de governo de Simone Tebet que exigem grandes verbas. Sobre o tema, Bonner disse que o próximo presidente irá enfrentar um “ambiente econômico hostil” e perguntou como a “conta vai fechar com esses gastos que a senhora está planejando?”.
“Muito simples. Nós temos a melhor equipe de economistas liberais do Brasil. Nós temos um compromisso fiscal, mas como meio para se alcançar a responsabilidade social. A agenda prioritária, o eixo do meu governo, são as pessoas. Agenda social: erradicar a miséria, diminuir a pobreza e acabar com a fome no Brasil”, destacou.
Para acabar com a miséria, Tebet prometeu construir casas para famílias em situação de extrema pobreza e, para conseguir o valor necessário para colocar em prática este projeto, a candidata disse que “chegamos a essa conta só acabando com o orçamento secreto”. “Nós vamos ter que, no ano que vem, extrapolar o teto (de gastos) no valor de algo em torno de 60 bilhões para cobrir a transferência de renda, porque é inadmissível nós não garantirmos pelo menos 600 reais para quem tem fome”, disse.
Ainda sobre os investimentos necessários para colocar o plano de governo em prática, Bonner pediu para a candidata deixar claro, “ser mais específica e detalhar mais esses planos”, para que o eleitor possa avaliar a capacidade de executar o plano. “Um milhão de casas. Zerar a fila das cirurgias atrasadas, em dois anos. Eu vou governar olhando para o futuro, criança e adolescente é o centro do nosso governo”, garantiu.
Simone também falou sobre Reforma Tributária e falou que “a Reforma Tributária mais emergente, que está pronta para ser votada no Congresso Nacional e só não foi votada porque o presidente não quis, mexe exatamente com isso (pagamento de impostos pela parcela mais pobre da população)”. “Esse projeto vai devolver o imposto que a dona de casa mais humilde paga, no próprio cartão do CadÚnico dela”, propôs.
Educação e segurança pública
Como professora por formação, Simone defende a pauta dos professores e assume que a educação é um dos pilares de seu plano de governo. “Hoje, nós avançamos um pouco, ainda que não muito, no ensino básico. Em função disso, a gente só precisa melhorar o ensino fundamental 1, o ensino fundamental 2, para garantir que entre o ensino fundamental 2 e o ensino médio, que são oito anos, a gente garanta um ensino de qualidade”, afirmou.
“Só a educação vai salvar o povo brasileiro. Só isso que dá cidadania. Qual é o direito social mais importante do cidadão? É direito ao trabalho. Não tem trabalho quem não tem qualificação, ou então ele vai para um subtrabalho. Ele tendo educação, ele tem trabalho. É o direito ao trabalho que garante comida na mesa, que garante o aluguel, que garante o lazer, que garante felicidade, que dá esperança às pessoas. Então, educação não tem como não ser prioridade nacional”, declarou Tebet.
Sobre segurança pública, a candidata disse que os planos para a segurança pública no Brasil vão levar em consideração os dados de violência no Mato Grosso. “Eu sou de um estado de fronteira, é um estado que não dá para comparar com nenhum estado”, opinou. “Nós vamos recriar o Ministério Nacional de Segurança Pública, porque é a União que coordena. É preciso uma coordenação, é preciso vontade política. Não precisa de mais dinheiro, precisa de vontade política [...] É assim que nós vamos fazer, colocando um bom ministro da Segurança Pública para estar ao lado dos governadores combatendo o crime organizado”, argumentou.
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