Lisboa — A forte ligação entre a argentina Mercedes Urquiza e Brasília terá como palco as Feiras do Livro de Lisboa e do Porto, que reabrem as portas depois de dois anos de pandemia do novo coronavírus. A ansiedade é grande.
“Vejo essas feiras como locais ideais para contar a minha história”, diz. Ela lançará, domingo (28/08), na capital portuguesa, o livro “A trilha do Jaguar — Na alvorada de Brasília”, autobiografia na qual relata a sua chegada à futura capital do Brasil, em 1957. Ela e o marido, Hugo Maschwitz, fizeram o trajeto de Buenos Aires ao Planalto Central de jipe. “Uma epopeia”, como define. No Porto, o evento está marcado para terça-feira (30/08).
Desde a chegada à cidade que ainda era um sonho, Mercedes se apaixonou pelo arrojado projeto de Juscelino Kubitschek, que estava no início de sua execução. Ali fincou raízes e construiu família — as duas filhas, os cinco netos e os cinco bisnetos são brasilienses.
A obra relata os primeiros mil dias de construção de uma obra-prima da arquitetura. “Não será surpresa se a reação do público for além do imaginável. Já estive algumas vezes em Portugal, com exposição de fotografias, e o retorno dos portugueses sempre foi muito bom, um sucesso”, afirma.
Para ampliar o impacto do lançamento do livro, Mercedes exibirá um vídeo de pouco mais de quatro minutos com a música “Sinfonia da Alvorada”, de Vinícius de Moraes, em homenagem à fundação de Brasília.
A canção será ilustrada com fotos do sueco Ake Borglund, que estão na obra escrita. Ele foi o primeiro grande profissional a registrar o nascimento da nova capital brasileira. As fotos, por sinal, lhe garantiram o prêmio de fotógrafo do ano da Europa. A escritora é dona é um acervo de 495 imagens captadas pelo artista das lentes.
A meta de Mercedes, depois de seu debut em Portugal, é levar sua história para os países de língua Portuguesa, em especial Angola e Moçambique. “A trilha do Jaguar” será distribuída no país europeu e em parte da África por uma das maiores empresas portuguesa, a DinaLivro, com 52 anos de atuação. “Estou muito feliz e confiante”, frisa a escritora, que, até o fim do ano, colocará no mercado sua segunda obra: “A nova trilha do Jaguar — De Brasília, minhas memórias”, pela Editora Tagore.
“Nesse novo livro, com 33 capítulos, conto a minha história com Brasília até hoje”, revela. A obra será ilustrada com mais de 50 fotos e documentos, e terá um registro especial, a entrevista que conseguiu com o então presidente brasileiro, Jânio Quadros, que renunciou ao mandado.
À época, Mercedes era correspondente no Brasil do jornal argentino La Nación. Considerada pioneira do Distrito Federal, a autora de “A trilha do Jaguar” lamenta a pouca atenção que os governos têm dado à cultura no país. “Há uma demanda reprimida por apoio público e privado. Temos grandes talentos prontos para o sucesso”, diz.
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