Apesar das questões espinhosas, como o escândalo do petrolão, especialistas avaliam que o candidato à Presidência pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, respondeu com tranquilidade e fluidez às perguntas na sabatina do Jornal Nacional. Para eles, no entanto, em um dos temas mais delicados nestas eleições — a economia —, o ex-presidente encontrou uma certa dificuldade.
Na avaliação do cientista político e pesquisador de Pós-Doutorado do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) Enrique Carlos Natalino, Lula se esquivou ao responder sobre como enfrentará a herança econômica dos últimos anos, especialmente o elevado endividamento público e a desindustrialização do país.
"Repetiu chavões de seu primeiro mandato, como a necessidade de mais investimentos e as acusações de que o governo Fernando Henrique Cardoso (FHC) quebrou o país. Faltou, por exemplo, o reconhecimento de que o Plano Real ajudou a consolidar o ambiente para o crescimento econômico na década de 2000", destacou. "Percebe-se, também, uma dificuldade do ex-presidente em lidar com os problemas econômicos legados pela gestão Dilma Rousseff, como a inflação, a recessão e o desemprego."
Sobre o petrolão, Lula conseguiu desviar das "armadilhas" e responder com clareza, segundo observou o cientista político Alexandre Rocha. "O candidato conseguiu abordar com propriedade o tema da corrupção, dizendo que os fatos só vieram ao conhecimento público porque foram investigados. Nesse aspecto, conseguiu fazer contraponto com o governo Bolsonaro, que tem recorrido a manobras de sigilo, por exemplo", analisou.
Pedro Castelo Branco, professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerf), destacou como ponto alto o discurso pacificador do candidato. "Ele se referiu à política como divergência com diálogo, com adversários, e não política com ódio, tratando adversários como inimigos", disse.
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Nas redes
A entrevista de Lula foi um dos assuntos mais comentados nas redes sociais. O cantor Caetano Veloso disse ter se emocionado. "Chorei vendo Lula no JN. Mais do que quando votei nele em 2002. Tanto da nossa história! Racionalmente falando, meu candidato é Ciro (Gomes). Mas Lula arrebata. Sou um brasileiro típico. Voto em Lula", escreveu.
A cantora Zélia Duncan também elogiou o desempenho do petista. "Lula é de carne e osso, por isso é ele que vai estancar a sangria do Brasil, para começarmos a nossa cura", postou.
Bolsonaro não postou nenhum comentário durante a sabatina. Quase duas horas depois, se manifestou no Twitter apenas com uma foto dele assistindo a uma tevê em que aparecia imagem de pessoas encapuzadas e com a frase: "Esse é o PCC".
O ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) fez uma série de tuítes contra o presidenciável. "Resultado final: Lula não respondeu às perguntas no Jornal Nacional e mentiu descaradamente. A entrevista foi muito parecida com os interrogatórios dele na Lava-Jato", escreveu.
Felipe Nunes, CEO da empresa de pesquisa Quaest, postou no Twitter que, na média, 15 milhões de pessoas foram impactadas com postagens sobre a entrevista. Foi a melhor média do levantamento, se comparada com os 9 milhões na entrevista de Bolsonaro e os 2 milhões na de Ciro.
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