Pesquisa encomendada pelo Instituto Não Aceito Corrupção (Inac) aponta que 55% dos brasileiros desconhecem a existência de canais para denúncia de casos de corrupção ou extorsão em seus municípios. Apenas 11% indicaram a corrupção como a temática mais prioritária a ser resolvida.
A avaliação, mais focada na esfera municipal, apontou que 40% dos entrevistados já foram vítimas de extorsão ou conhecem alguém que tenha sido. Apesar disso, quando questionados sobre a temática que entendem como prioritária, a saúde figurou como a primeira preocupação de 26% dos ouvidos, a educação apareceu em segundo lugar com 23%, seguido do desemprego com 13%.
O número sugere uma mudança do tema central de preocupação dos eleitores nessas eleições. Diferentemente de 2018, quando o assunto ocupou a centralidade do debate eleitoral, a discussão sobre corrupção deve estar menos em foco.
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Rachadinhas
O estudo foi realizado on-line com 1,6 mil entrevistados, na forma de questionários preenchidos pelos participantes. O trabalho, produzido pela empresa Qualibest para o Inac de forma gratuita, apontou alguns dos temas mais reprovados entre os entrevistados, como a prática de receber salário de funcionário público nomeado por político que não comparece ao trabalho e devolve parte ao político, a prática que ficou conhecida como “rachadinha”.
O pagamento de cestas básicas, remédios, ou qualquer outra vantagem em contrapartida do voto do eleitor também foi recriminada pelos entrevistados.
Para o presidente do Inac, o procurador do Ministério Público estadual de São Paulo, Roberto Livianu, “a falta de conhecimento das pessoas em relação aos órgãos de controle interno demonstra que é necessário melhorar o acesso aos serviços de ouvidorias e demais órgãos de controle”. “A pesquisa mostra que é necessário evoluir nesse ponto, criando uma porta amigável ao cidadão”, completa.
O procurador entende que, hoje, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) tem servido como desculpa para criar uma barreira, uma certa “opacidade” na administração pública, o que, segundo ele, não é a função da lei. O especialista ainda aponta a necessidade de se construir uma maior uniformidade dos ambientes virtuais dos órgãos de controle interno como ouvidorias e corregedorias do serviço público.
Livianu também aposta que essa dificuldade de acesso a esses canais e o desconhecimento dos serviços de ouvidoria podem ser alguns dos fatores do desinteresse da população pelo tema da corrupção.
O relatório do estudo é assinado por Rita Biason (UNESP-Franca), Roberto Livianu (USP), Agatha Paraventi (Cásper Líbero), Kleber Carrilho (IPAM-Lisboa) e André Aquino (USP-Ribeirão Preto).
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