O novo episódio do Podcast do Correio, lançado nesta quarta-feira (17/8), recebeu o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Mário Velloso. Em conversa com as jornalistas Ana Maria Campos e Denise Rothenburg, do Correio Braziliense, ele garantiu que as urnas eletrônicas são auditáveis. Pai do voto eletrônico, Velloso idealizou e colocou em prática o sistema que substituiu o voto impresso, em 1996.
“A urna é auditável. Ela pode ser auditada antes, durante e depois (das votações). É possível fazer, inclusive, uma apuração paralela”, garantiu Velloso, que presidiu o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na época em que implementou o voto eletrônico.
O ministro aposentado explicou como é feita a auditoria, o que coloca em cheque as alegações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) de que o voto impresso não é auditável. De acordo com Velloso, o processo para auditar os votos é trabalhoso, uma vez que as urnas eletrônicas não estão ligadas a uma rede de internet, mas que é absolutamente possível. “Até com um celular é possível fazer a auditoria”, afirmou.
“Tudo depende do software do código fonte, elaborado pelos técnicos do TSE. Ele é elaborado um ano antes e fica à disposição do Ministério Público, da OAB, dos partidos políticos, dos pretensos candidatos e dos cidadãos. Pode ir lá, o código vai estar à disposição para conferência”, explicou. “Cerca de um mês antes das eleições é feita uma cerimônia e ele (código fonte) é assinado pelos representantes dessas entidades digitalmente e, no dia das eleições, o presidente da mesa (mesário), que é o cidadão, imprime a zérézima, que é um boletim que demonstra que a urna tem zero votos”, continuou.
Depois das eleições, o ministro aposentado detalha que é impresso o boletim de urna, que é a apuração da urna logo após o encerramento do dia das votações. Esse boletim é impresso em cinco vias, que são entregues aos partidos e outra via é fixada na porta dos locais onde se realizou a votação. Além disso, Velloso garantiu que, se alguém, um cidadão ou um candidato, quiser outra via, “ele pode obter o pendrive”.
As urnas são imunes a hackers
De acordo com o ministro aposentado Carlos Mário Velloso, pelo fato das urnas eletrônicas não estarem ligadas à redes, elas são imunes a ataques de hackers. “Hacker não entra. Olha, só entra na urna com martelo, com ela quebrada, porque ela não está na rede”, assegurou.
Velloso ainda contou às jornalistas Denise Rothenburg e Ana Maria Campos, que comandaram o quinto episódio do Podcast do Correio, que a ideia de ter um comprovante impresso do voto, assim como defende Bolsonaro, já foi implementada, mas não teve condições de permanecer. “As primeiras urnas tinham a ‘urninha’ para o voto impresso, mas não deu certo. Essas impressoras não têm a mesma técnica que os computadores, elas estão sujeitas a problemas com umidade, calor, frio. Então imagine, essas impressoras seriam acopladas à urna, em lugares como Amazônia ou no Nordeste. Então a partir de 1998 já não existiu mais, porque não deu certo”, esclareceu.
O comprovante impresso do voto também esbarra no Código Eleitoral, que estabelece que o voto é “obrigatório e secreto”. “Você não pode quebrar o sigilo do voto, que é constitucional, que é garantia de independência do eleitor”, reforçou Velloso.
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O podcast do Correio
O podcast é um programa semanal do Correio Braziliense que promove debates sobre a política local e nacional. Ele está disponível no Spotify, no Apple Podcasts e, em formato de vídeo, no canal do Correio Braziliense no YouTube.
Com apresentação das jornalistas Denise Rothenburg e Ana Maria Campos, ambas colunistas de Política do jornal e membros da bancada de entrevistadores do programa CB.Poder, realizado em parceria do Correio com a TV Brasília.
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