O hacker Walter Delgatti Neto se encontrou com Jair Bolsonaro e com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, ontem de manhã, para conversarem sobre as urnas eletrônicas. Ele foi levado pela deputada Carla Zambelli (PL-SP), que negou o encontro, confirmado pelo advogado do pirata cibernético, Ariovaldo Moreira. A campanha presidencial queria saber se o processo de votação pelas urnas eletrônicas e de apuração, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), são, de fato, seguros.
O encontro entre os três foi trazido à tona pelas jornalistas Andreia Sadi e Natuza Nery, da Globo News, e se realizou no Palácio da Alvorada — residência oficial do presidente. Delgatti ficou conhecido por ter invadido contas no aplicativo Telegram e divulgado conversas do episódio que ficou conhecido como Vaza Jato — que trouxeram as trocas de mensagens entre a força-tarefa da Procuradoria Geral da República (PGR), chefiada por Deltan Dallagnol, e o então titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sergio Moro, onde corriam as ações relacionadas à Operação Lava-Jato. Os diálogos expuseram um jogo combinado entre os dois lados, cujo principal resultado foi a anulação de várias condenações, entre elas a do agora presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O episódio foi revelado pelo site The Intercept.
Vermelho
Delgatti — que atendia pelo apelido de Vermelho no submundo da web — foi preso em julho de 2019, junto com Danilo Cristiano Marques, Gustavo Henrique Elias Santos e Suelen Priscila de Oliveira. Foram alvo da Operação Spoofing, que segundo a Polícia Federal (PF) desarticulou uma "organização criminosa que praticava crimes cibernéticos". Os investigadores constataram que quarteto acessou contas de autoridades no Telegram. O hacker aguarda o julgamento em liberdade.
Indagada se foi a responsável por levar Delgatti ao encontro com Bolsonaro — que não se manifestou — e Costa Neto, Carla Zabelli negou, mas admitiu que "está em contato" com o hacker — que veio a Brasília acompanhado pelo advogado, que teria sido dispensado pelo cliente por "quebra de confiança". O defensor, porém, não participou do encontro com Bolsonaro e Costa Neto e voltou antes para Araraquara (SP). Ariovaldo confirmou que a razão do encontro foi para atender a pedidos para que o hacker auxiliasse aliados de Bolsonaro na fiscalização das urnas.
O encontro chama a atenção por causa dos frequentes ataques do presidente e de seus apoiadores às urnas eletrônicas e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Sempre que pode, Bolsonaro diz que o sistema é vulnerável, mas nunca apresentou provas disso. Também disse que venceu a corrida ao Palácio do Planalto, em 2018, no primeiro turno, e que podia confirmar isso. Porém, nunca mostrou as provas da vitória antecipada sobre o adversário de então, Fernando Haddad (PT).
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