Após resolução do conflito entre PSDB e MDB no Rio Grande do Sul, os tucanos decidiram compor uma chapa 100% feminina com Simone Tebet para a Presidência da República. O nome escolhido para concorrer como vice foi o da senadora Mara Gabrilli, anunciado oficialmente ontem durante evento na sede do PSDB em São Paulo.
"Estou lisonjeada de ter uma mulher como a Simone me convidando para ser vice dela", discursou Gabrilli. "Vocês podem imaginar o tamanho da minha emoção em poder contribuir para esse país, porque foram as pessoas com deficiência que me fizeram querer lutar para que as pessoas tenham oportunidade", completou.
Em seu discurso, a senadora relembrou a trajetória na política. Psicóloga e publicitária de formação, Gabrilli foi vereadora e deputada federal antes de assumir a vaga no Senado. Além disso, em 2018 ela foi eleita como perita do Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas (ONU), sendo a primeira brasileira a representar o país no Comitê. No Senado, ela preside a Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência e a Frente Parlamentar Mista de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras.
A senadora criticou ainda o governo de Jair Bolsonaro durante a sua fala. "Eu fico muito, muito arrasada, triste, de ver um governo desdenhando a população negra, as mulheres, as meninas, desdenhando os indígenas", afirmou a senadora. "É impossível de conviver com uma situação dessa. Desdenhar do nosso próprio país. Às vezes parece que o nosso presidente só engrandece quando ele vê as pessoas sofrendo, quando ele vê as pessoas diminuindo", completou.
Gabrilli disse ainda que viu "dentro da minha casa, o meu pai ser extorquido pelo PT, com uma arma na cabeça". A senadora já defendeu em ocasiões anteriores que seu pai, empresário do ramo de transporte público em Santo André, São Paulo, era ameaçado por membros da gestão do então prefeito da cidade Celso Daniel (PT), morto em 2002.
"Puxar o tapete"
Em seu discurso, ao final do evento, Simone Tebet também criticou Lula e Bolsonaro e acusou o PT de tentar "puxar o tapete" de sua candidatura. Tebet também comemorou que a sua chapa, que representa MDB, PSDB e Cidadania, está completa agora após uma série de percalços.
"Nós chegamos, contra tudo e contra todos. Puxem pela imprensa todo o histórico, de tudo o que foi relatado. Não era para eu estar aqui, mas nós chegamos", afirmou. Tebet sofreu resistência de uma ala do MDB que defendia a retirada de sua candidatura para apoiar Lula no primeiro turno. Dos diretórios estaduais do partido, 11 chegaram a anunciar seu apoio oficial ao ex-presidente durante uma reunião com o petista. A tentativa, porém, não vingou e o MDB oficializou Tebet em sua convenção nacional.
O nome preferido para ser vice da senadora era o também senador Tasso Jereissati. Nos bastidores, porém, ele manifestava pouca vontade em participar das eleições presidenciais. Gabrilli foi escolhida após pesquisas qualitativas feitas pelo PSDB, que apontaram interesse do eleitorado em uma chapa feminina.
"Em determinado momento meu nome foi levantado pela generosidade dos nossos amigos para ser candidato a vice-presidente. No entanto, nós decidimos não tomar nenhuma decisão precipitada", afirmou Jereissati.
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