ELEIÇÕES 2022

Fachin manda recado a quem critica urnas: "Só defende interesse próprio"

Em sessão do TSE, ministro criticou ataques ao processo eleitoral e mandou uma série de recados ao presidente Jair Bolsonaro (PL)

Luana Patriolino
postado em 01/08/2022 20:25 / atualizado em 01/08/2022 20:35
O ministro também chamou atenção para o fenômeno das fake news, principalmente, durante o período eleitoral -  (crédito: Abdias Pinheiro/Secom/TSE)
O ministro também chamou atenção para o fenômeno das fake news, principalmente, durante o período eleitoral - (crédito: Abdias Pinheiro/Secom/TSE)

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, iniciou a sessão plenária desta segunda-feira (1º/8), destacando preocupação com as eleições de outubro. O ministro reiterou confiança no trabalho da Justiça e na confiabilidade das urnas eletrônicas. O discurso é um recado ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que vem intensificando os ataques ao sistema eleitoral brasileiro.

“A amplitude da tarefa a ser desempenhada pela Justiça Eleitoral não nos arrefece o ânimo, pois a Justiça Eleitoral tem histórico honrado e imaculado de fiel cumprimento de sua missão constitucional: realizar eleições com paz, com segurança, e com confiabilidade nos resultados”, disse.

Fachin ressaltou que a rodada de teste nas máquinas não identificou nenhum indício de fraude ou falha nos equipamentos. “Considerado apenas o período no qual utilizadas as urnas eletrônicas, todos os testes de segurança, públicos ou privados, comprovaram o respeito à garantia constitucional do sigilo do voto, prevista no art. 60, § 4º, inciso II da Constituição da República”, disse.

O ministro também chamou atenção para o fenômeno das fake news, principalmente, durante o período eleitoral. Segundo ele, “a opção pela adesão cega à desinformação que prega contra a segurança e auditabilidade das urnas eletrônicas e dos processos eletrônicos de totalização de votos é a rejeição do diálogo e se revela antidemocrática”.

Desde que foi eleito, Bolsonaro e seus apoiadores afirmam que as eleições de 2018 foram fraudadas e que a chapa teria ganhado em primeiro turno contra Fernando Haddad (PT). Ele chegou a sugerir que os militares fizessem uma apuração paralela nas eleições deste ano. No mês passado, o presidente também convocou uma reunião com embaixadores para atacar o Judiciário e disseminar notícias falsas sobre o processo eleitoral brasileiro.

Fachin criticou os ataques às urnas. “Desqualificar a segurança das urnas eletrônicas tem um único objetivo: tirar dos brasileiros a certeza de que seu voto é válido e sua vontade foi respeitada. Isso é especialmente verdadeiro em relação aos cidadãos com maior dificuldade de escrever”, disse.

Em outra ocasião, Bolsonaro chegou a declarar que não irá aceitar o resultado da eleição se ele não for o vencedor. “Quem vocifera não aceitar resultado diverso da vitória não está defendendo a auditoria das urnas eletrônicas e do processo de votação, está defendendo apenas o interesse próprio de não ser responsabilizado pelas inerentes condutas ou pela inaptidão de ser votado pela maioria da população brasileira”, afirmou Fachin.

O ministro Edson Fachin fica no comando do TSE até 16 de agosto, quando deve passar o bastão para Alexandre de Moraes — que terá a missão de presidir a Justiça Eleitoral durante as eleições. O discurso de abertura é alinhado com as falas do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux. Na sessão desta segunda-feira, ele pediu respeito e diálogo, independente do resultado do pleito.

 


 

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