O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste sábado, 30, que as Forças Armadas vão participar "ao lado" de seus apoiadores dos atos governistas de 7 de setembro em Brasília e, pela primeira vez, no Rio de Janeiro. No domingo passado, ao lançar oficialmente sua candidatura à reeleição, Bolsonaro pediu aos simpatizantes do governo para irem às ruas na data "pela última vez".
"Queremos inovar no Rio de Janeiro. Às 16 horas do dia 7 de setembro, pela primeira vez, as nossas Forças Armadas e as nossas irmãs Forças Auxiliares estarão desfilando na praia de Copacabana ao lado do nosso povo", anunciou Bolsonaro em São Paulo, no lançamento da candidatura do ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos) a governador de São Paulo. "Vamos mostrar que nosso povo, mais do que querer, tem o direito e exige paz, democracia, transparência e liberdade", disse.
Os atos bolsonaristas de 7 de setembro de 2021 foram um dos pontos mais altos de enfrentamento entre Bolsonaro e as instituições brasileiras. Na Avenida Paulista, Bolsonaro declarou à época que não mais cumpriria decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A ameaça ganhou reação do mundo político, que viu chance de crime de responsabilidade passível de impeachment. Pressionado, Bolsonaro teve de publicar uma carta à nação escrita pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) para diminuir a fervura.
"Vamos comemorar 200 anos de independência. Vamos comemorar também como marco mais 200 anos de liberdade. No dia 7, estarei pela manhã em Brasília, com o povo na rua com a tropa desfilando", seguiu Bolsonaro em seu discurso político. Ele revelou que, neste ano, não estará em São Paulo no 7 de setembro, mas apenas em Brasília e no Rio de Janeiro. "O que está em jogo na pátria é a nova forma de mandar no povo".
Presente à convenção, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) afirmou que os atos de 7 de setembro são em defesa da "transparência e da democracia". "Pauta que escuto muito é que vai ser solicitada a transparência das eleições", disse a parlamentar, em linha com o discurso sem provas do presidente da República de ataque às urnas eletrônicas.
Antes da menção aos atos do 7 de Setembro, Bolsonaro , aconselhado por marqueteiros, fez um discurso caro ao eleitorado paulista para lançar Tarcísio, com destaque a entregas do ex-ministro, como a construção de rodovias e ferrovias. "Ele ressuscitou o modal ferroviário no Brasil. ... Precisamos de aliados pelo Brasil que levem adiante política que começamos a implementar em Brasília. Política de resultados", declarou o presidente. "Tarcísio deu prova de sua competência na alocação de recursos", acrescentou.
Bolsonaro defende que Tarcísio integrou um governo, o dele, com ministérios técnicos e sem casos de corrupção orgânica. Não houve citações a denúncias de corrupção ao longo dos últimos quatro anos ou à prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro por suposta corrupção passiva.
Seis dias após estrear na campanha à reeleição, a primeira-dama Michelle também discursou na convenção de Tarcísio e rezou pela esposa do candidato a governador, Cristiane Freitas.