CURTIDAS

O que fez Lula mudar o discurso em relação a Lira

Para quem, há dois meses, classificava o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), como alguém que desejava ter tanto poder quanto o "imperador do Japão", o presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva agora é "paz e amor" com o deputado. E por um único motivo: o PT decidiu que, se Lula for eleito, precisará da reta final deste mandato de Lira para tratar de três pontos que considera fundamentais: o fim do teto de gastos, a promessa de Lula (e também de Bolsonaro) de manter o Auxílio Brasil de R$ 600 permanentemente e, ainda, aprovar o Orçamento de 2023 com um acordo de cavalheiros sobre o orçamento secreto, que o ex-presidente é contra.

Diante de temas tão urgentes, a avaliação é de que não dá para, desde já, brigar com o atual comandante da Câmara. E é nesse sentido que Lula também disse que não intercederá na disputa pela Presidência da Casa. É um gesto para tentar tirar Lira do palanque de Jair Bolsonaro (PL).

Sinais

O discurso de Lula na convenção do PSB, em Brasília, foi recebido pelo Centrão — e por parte do União Brasil — como um sinal de que a conversa de não interferência na eleição do futuro presidente da Câmara é apenas retórica de candidato. O candidato falou em eleger uma grande bancada dos partidos de esquerda para "jogar fora o orçamento secreto".

Noves fora...

A leitura de quem conhece o andar da carruagem do Parlamento é de que os partidos que hoje comandam a Casa não aceitarão devolver ao Executivo o poder sobre o Orçamento. Essa mesma turma também não confia no convite para Luciano Bivar concorrer à Presidência da Câmara.

Ser ou não ser

Os mais fiéis escudeiros de Bivar dizem que ele "muda de ideia a cada seis horas", em relação à candidatura para presidente da República. A tendência é de que ele desista, mas até 5 de agosto, data da convenção, será difícil bater o martelo sobre o destino do União Brasil.

Esquecidos

Lula tem se referido ao PAC, Programa de Aceleração do Crescimento, de seu governo, como o maior do país. Mas não diz que a "mãe do PAC" foi Dilma Rousseff e nem que o projeto sucedeu o Mãos à Obra Brasil, de Fernando Henrique Cardoso, que contém muitas obras do PAC. Para quem deseja abarcar apoios e unir o país, as referências são necessárias.

Surfou/ A perspectiva de Luciano Bivar desistir da candidatura para apoiar Lula levou o deputado João Roma (Republicanos-BA), candidato ao Palácio de Ondina, a ir para cima de ACM Neto (União Brasil) nas redes sociais. Ele colocou vários baianos dizendo que o apoio do partido de ACM Neto ao petista significa que não haverá mudança no governo local.

... e saltou fora/ Para muitos, os posts de Roma são um sinal de que, em caso de segundo tuno na Bahia entre ACM Neto e o petista Jerônimo Rodrigues, ele deverá aproveitar para descansar.

Enquanto isso, em São Paulo.../ Lá, o União Brasil não quer saber de acordo com o PT. A ordem é seguir com Rodrigo Garcia, o governador que terá a candidatura à reeleição oficializada hoje.

"Estamos juntos"/ O ex-governador de São Paulo, João Doria (foto), será a grande ausência na convenção do PSDB que lançará Garcia à reeleição ao Palácio dos Bandeirantes. Doria está nos Estados Unidos em compromissos empresariais, mas será homenageado com banners de agradecimento pela vacina contra a covid e outras ações de governo.