O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, questionou, ontem, "a quem interessa" as investidas contra as eleições e a democracia. O ministro afirmou que os ataques não produzem ganhos civilizatórios e em "nada contribuem" para a solução de verdadeiros problemas coletivos no país.
Fachin disse ser necessário recursar "abismo ideológico e baixezas externas" e elevar a racionalidade. "É tempo de restabelecer uma forma de comunicação política que cumpra o seu papel utilitário, que é legítimo, mas que não enterre a sociedade em um conflito permanente, tampouco a democracia num processo de erosão, alavancado, indevidamente, pela indústria hi-tech das mentiras", frisou, durante participação na 188ª reunião do Conselho Pleno da Associação dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), em Brasília.
Segundo o presidente do TSE, é necessária "uma união alerta em resguardo da institucionalidade e da normalidade eleitoral e um atuar intenso em defesa dos fatos, do direito e da verdade, para que a sociedade constitucional não sucumba".
"Apenas as instituições democráticas têm condições de sustentar a paz e os direitos, independentemente dos arroubos e das inclinações de governantes passageiros. A democracia é, por excelência, uma forma de organização em que o poder político não tem proprietários, mas somente inquilinos", enfatizou.
O ministro ressaltou, ainda, o compromisso cívico de preservar o Estado de direito, as instituições públicas e a democracia liberal. "Numa expressão: trata-se de salvar a democracia", destacou.
Na semana que vem, o Supremo Tribunal Federal (STF), do qual Fachin é integrante, lançará o livro Liberdades, conforme noticiou a revista Veja. Na publicação, o magistrado abordou o tema "liberdade do eleitor" e disse que os ataques ao sistema eleitoral, baseados em "acusações de fraudes vazias", compõem uma estratégia cada vez mais elaborada para "manipular a opinião pública".