O senador Renan Calheiros (MDB-AL) afirmou, nesta quinta-feira (28/7), que é "suicídio" apoiar a candidatura da senadora Simone Tebet (MDB) em estados onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem mais de 60% das intenções de voto para o cargo de presidente da República. Calheiros disse que não trabalhará para a desistência de Tebet, mas comparou a candidatura dela à de Henrique Meirelles (MDB) em 2018, que teve 1,2% dos votos.
"Tudo se faz democraticamente. Nós temos com a Simone o melhor relacionamento. Isso é uma divergência política", disse o senador em entrevista ao portal UOL, após ser questionado sobre a convenção nacional de seu partido que ocorreu ontem (27/7) e confirmou o nome de Tebet ao Planalto. "Em estados onde Lula tem 60% dos votos, será um suicídio apoiar uma candidatura que evidentemente não decolou", completou.
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"Não vou trabalhar pela desistência"
Calheiros lidera uma ala do MDB que apoia Lula e tentou levar a legenda a apoiar o ex-presidente ainda no primeiro turno, em detrimento da candidatura de Tebet. Um representante do diretório emedebista de Alagoas, presidido por Calheiros chegou a entrar com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para adiar a convenção nacional, mas o pedido foi negado pelo presidente da Corte, o ministro Edson Fachin. O senador, em protesto, não participou da convenção.
Na entrevista, Calheiros defendeu que o MDB deveria tomar o mesmo caminho do PSDB e do Cidadania, que decidiram não ter candidatura própria - e que declararam apoio a Tebet. "Não poderíamos repetir o que aconteceu na eleição de 2018, quando Meirelles teve 1% dos votos, o que, infelizmente, é o que a Simone Tebet tem hoje do Datafolha, e reduziu as nossas bancadas na Câmara e no Senado pela metade", disse o senador. A última pesquisa Datafolha foi divulgada no final do mês passado, e a versão mais recente deve ser divulgada ainda nesta quinta.
"Não vou trabalhar pela desistência [de Tebet]. Eu torço para que ela cresça, possa modificar esse cenário das pesquisas eleitorais", disse Calheiros. "Só lamento que os argumentos em defesa de Simone sejam os mesmos do Meirelles".