ELEIÇÕES 2022

Oficializada como candidata, Tebet se impõe e ataca a polarização

Em 24 horas, a Carta em Defesa da Democracia, lançada pela Faculdade de Direito da USP, recebe apoio massivo da sociedade civil. Texto tem como signatários, também, banqueiros, juristas, artistas e empresários

Em vitória contra a ala lulista do MDB, a senadora Simone Tebet teve a candidatura à Presidência oficializada, ontem, na convenção nacional do partido. Apoiada pela federação formada com PSDB e Cidadania, a parlamentar recebeu 262 votos a favor e apenas nove contrários. A escolha do vice, porém, foi adiada.

No evento, Tebet fez defesa veemente da democracia, criticou os governos do PT e o presidente Jair Bolsonaro (PL) e acenou ao eleitorado feminino.

"Como candidata, coloco neste momento a minha vida a favor do Brasil, da democracia e do povo brasileiro", discursou Tebet, na sede do MDB, em Brasília. "A minha responsabilidade é de saber que um partido com a grandeza do PSDB, que tradicionalmente sempre lançou candidato à Presidência da República, abre mão para somar conosco neste campo."

As tentativas de adiar a convenção e articular apoio do MDB ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ainda no primeiro turno, não vingaram. Líder da ala lulista do partido, o senador Renan Calheiros (AL) não compareceu ao evento.

Após a convenção, Tebet agradeceu ao presidente do MDB, Baleia Rossi, por não ter cedido aos dissidentes. "Não aceitou pressão, não aceitou conchavos. Não aceitou, como disse Roberto Freire (presidente do Cidadania), negociatas ou negociações não republicanas", afirmou a candidata.

No discurso na convenção, Tebet enfatizou a crise econômica que assola o país, disse que o cenário teve início nos governos do PT, mas que foi "multiplicado" na gestão Bolsonaro.

A candidata também criticou a polarização entre o chefe do Executivo e o ex-presidente, embora não tenha citado o nome de nenhum dos dois. "Infelizmente, o Brasil vive um dos momentos mais sensíveis. Nossos alicerces democráticos estão abalados, pela fome, pela miséria, pela desigualdade social, pelo desemprego, mas estão abalados, principalmente, por essa polarização ideológica, esse discurso de ódio, do nós contra eles, que está levando ao abismo", frisou.

Segundo a candidata, "democracia significa o meu, o seu, o nosso direito de ir e vir, de garantir a soberania popular através do voto". "Todo mundo fala, e fala bonito, e nos esquecemos do que isso significa. Não é um governo em que um homem acha que pode ditar o que nós podemos ou não podemos fazer", pontuou. "É nós declararmos e aceitarmos o resultado das urnas, seja ele qual for."

Novamente sem ter o nome citado, Bolsonaro foi criticado pela forma como lidou com a pandemia da covid-19. "Temos hoje um presidente que não acredita na ciência, não acreditou nas vacinas e atrasou por 45 dias a compra delas", ressaltou Tebet. "Uma mancha que, um dia, a história vai revelar um grave esquema de corrupção na compra dessas vacinas, como se a vida valesse um dólar."

Tebet destacou que o combate à fome será prioridade em seu eventual governo. "Minha principal e absoluta missão será acabar com a fome no Brasil, erradicar a miséria e diminuir a pobreza. E, aqui, faço um juramento como mãe: nenhuma criança vai dormir mais com fome no Brasil. Nenhuma criança vai dormir com fome no país que exporta e alimenta 800 milhões de pessoas no planeta", prometeu, emocionada.

Entre as medidas defendidas pela candidata estão a ampliação dos programas de transferência de renda, como o Auxílio Brasil, mas "dando o peixe e ensinando a pescar". Ela também se disse favorável à reforma tributária e ao desenvolvimento sustentável, especialmente no agronegócio.

Ao finalizar seu discurso, Tebet fez aceno ao público feminino e defendeu uma maior participação das mulheres na política e em cargos públicos. "Somos a maioria da população brasileira. Somos a maioria do eleitorado. Mas somos minoria em absolutamente tudo na vida. Essa conta não fecha. Ela precisa fechar", sustentou. "Fomos sempre coadjuvantes. Chegou a hora de sermos protagonistas de nossa própria história. Ao lado dos homens. Nem menor nem pior, ao lado."

Em paralelo ao MDB, o PSDB e o Cidadania também referendaram a chapa, mas adiaram a escolha do vice. Os nomes cotados são o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), preferência de Tebet, e a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA). Segundo o presidente do PSDB, Bruno Araújo, a decisão será tomada "o mais rápido possível".

"Três partidos que caminharam sempre, historicamente, em momentos dos mais importantes da história. Quando o PSDB governou o país, teve no MDB um dos principais aliados e alicerces nessa construção", discursou brevemente Araújo.

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