Em uma reunião na sede do Conselho Federal de Medicina (CFM) em Brasília, a uma plateia com lideranças médicas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu ações do governo dele em meio à pandemia de covid-19 que vitimou mais de 677 mil brasileiros. O chefe do Executivo ainda voltou a defender medicamentos sem comprovação científica, como a cloroquina para tratamento do vírus.
"Escolhemos ministros sem viés político. Creio que essas ações ajudaram em muito a gente a passar pela pandemia, com baixas, sim, lamentamos, mas passamos pela pandemia. Gastamos em 2020 R$ 700 bilhões para atender governadores, prefeitos, nosso sistema de saúde. E sobrevivemos”.
Bolsonaro repetiu defesa da autonomia dos médicos como argumento para uso de cloroquina e ivermectina. "Tive uma experiência muito forte da interferência política na autonomia médica. O médico, no meu entender, tem que fazer de tudo para buscar salvar uma vida. Perante o desconhecido, a autonomia faz parte da atividade dos senhores. Os senhores sabem melhor do que eu que muitos remédios são descobertos por acaso. Até mesmo o da impotência sexual foi por aí”, alegou. Em mais uma investida negacionista, Bolsonaro disse que nunca se vacinou contra a doença e que ainda assim segue vivo até hoje.
“Compramos vacina para todo mundo, de forma voluntária. Nunca exigi passaporte vacinal nem cobrei nada de ninguém, até porque eu nunca me vacinei. Entendo que isso é liberdade e democracia. É um direito meu. E estou vivo até hoje”, alegou.
O chefe do Executivo também teceu críticas a integrantes da CPI da Covid, como o presidente da comissão, o senador Omar Aziz (PSD-AM) e o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) ao qual se referiu como "Randolfe Fala Fino Rodrigues". Quando Bolsonaro ironizou os senadores, os médicos riram e aplaudiram. Já ao final de toda a fala, aplaudiram, ficaram de pé e houve gritos de “mito”
"Devemos ter zelo pela política. Eu podia ter acabado com a CPI da Pandemia rapidamente. Com a emenda do honestíssimo Omar Aziz e do Ronildo Calheiros, irmão do honestíssimo Renan Calheiros, cujo relator era especialista em medicina intergaláctica o Randolfe 'Fala Fino' Rodrigues. Teve emenda deles permitindo que prefeitos e governadores comprassem vacina em qualquer lugar do mundo sem certificação da Anvisa e sem licitação. Quem ia pagar a conta era eu. Como não aceitei isso, daí me acusaram no final de charlatanismo, eu que tomei cloroquina. Com todo respeito, eu estudei. Se foi em função disso ou não para mim foi, pode ser que não seja, aqui no Brasil foi praticamente proibido falar de tratamento precoce", emendou.
Sem citar nomes, o presidente aproveitou para alfinetar o Judiciário. “A pandemia foi um exemplo para todos nós de como devemos ter cada vez mais zelo com a política. Nossa vida passa pelo Parlamento, pelo Executivo e passa por outro Poder, que está legislando bastante nesses últimos três anos”.
E teceu ataques contra o sistema eleitoral. “Tudo evolui exceto as urnas das seções eleitorais, elas precisam evoluir. Não vamos tocar nesse assunto aqui. Mas dizer aos senhores que, modestamente, dou o melhor de mim, ouço as pessoas, estamos há 3 anos e meio sem denúncia de corrupção a não ser da Covaxin que eu não comprei e foi arquivada. A gente procura dar o melhor”, justificou.
Aos médicos, Bolsonaro também pregou sobre a ‘liberdade’ ser tão ou mais importante que a vida. “Com todo respeito, algo tão importante que a própria vida ou mais importante é a nossa liberdade. Não adianta estarmos sãos, muito bem”, disse sendo ovacionado.
Ele pediu indiretamente votos de confiança da categoria nas eleições de outubro. “Seremos julgados pelo que fizemos aqui na terra bem como por aquilo que poderíamos fazer e não fizemos. A omissão no meu entender é tão grave quanto uma ação mal feita”.
Por fim, lembrou a facada recebida na pré-campanha e agradeceu por ter tido a vida salva. “Muito obrigada, pelas mãos de vocês a minha vida ter sido salva. Creio que acima da mão de vocês está a mão de Deus”, concluiu.