Convenção oficializa Tebet

Mesmo com MDB rachado, senadora deve ter o nome homologado, hoje, para concorrer ao Palácio do Planalto. Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Edson Fachin, indefere pedido de dissidentes para adiar evento

O autointitulado centro democrático — nova nomenclatura para a terceira via — realiza hoje duas convenções nacionais para oficializar a chapa da senadora Simone Tebet à Presidência da República. Após dias turbulentos para a pré-candidata, o MDB conseguiu manter a realização do encontro apesar da judicialização e dos esforços da ala pró-Lula do partido para suspendê-lo. Já a federação PSDB-Cidadania realiza, em paralelo, a sua convenção, mas não deve definir nesta quarta quem comporá a chapa como vice de Tebet.

Ontem, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, negou o pedido para suspender a convenção. A solicitação foi protocolada por um integrante do diretório do MDB em Alagoas, presidido pelo senador Renan Calheiros, que lidera o esforço para rifar a candidatura de Tebet em prol do apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Hugo Wanderley Caju, que assinou a ação, argumenta que o formato virtual escolhido pelo MDB para a convenção não garante o sigilo da votação. "Há regra expressa no edital de convocação, asseverando que será garantido o sigilo do voto, a parte requerente não fez, a essa altura, demonstração suficiente em sentido contrário. Não há prova minimamente robusta de que a garantia prevista no edital não será cumprida", disse o magistrado, na decisão.

Com a convenção mantida, é dado como certo que o partido confirmará o nome de Tebet ao Planalto, apesar da ala dissidente. A incógnita agora é quem será o seu vice. O acordo inicial entre MDB, PSDB e Cidadania, após as três legendas escolherem a senadora como candidata em detrimento do ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB), é que os tucanos ficarão com a vaga. O favorito é o senador Tasso Jereissati (PSDB) — preferência, inclusive, da própria Tebet.

Nos bastidores, porém, corre que Jereissati está relutante em participar da chapa, até mesmo com rumores de que o tucano havia desistido da candidatura. Procurada pelo Correio, a assessoria do senador negou a informação. Em nota, Jereissati reafirmou o apoio a Tebet.

"Fui um dos primeiros a manifestar meu entusiasmo pela candidatura da Simone. Ela é capaz de unir o Brasil", disse. "No entanto, a definição do vice depende de uma série de conversas e entendimentos internos de sentido político e eleitoral, em que o propósito final será encontrar aquilo que seja o melhor para a candidatura. Qualquer que seja a decisão, estarei do lado dela", completou o senador.

O tema será discutido na convenção PSDB-Cidadania de hoje, que contará com 19 representantes dos dois partidos. Segundo interlocutores, não há expectativa que a decisão seja tomada nesta quarta. A federação tem até o fim do período das convenções, 5 de agosto, para decidir. Além de Jereissati, outra opção considerada é a senadora Eliziane Gama (Cidadania), compondo uma chapa completamente feminina.

Desempenho

Parte dos tucanos vê com desânimo os resultados da emedebista nas pesquisas de intenção de voto. Segundo levantamento BTG Pactual/FSB divulgado na segunda, por exemplo, Tebet tem 2%, dividindo a quarta colocação com André Janones (Avante). Um dos fatores que pesaram na escolha da senadora, em detrimento de Doria, foi o seu potencial de crescimento e baixa rejeição. A candidatura, porém, ainda não deslanchou.

Outro percalço que mina a escolha do vice é o estremecimento da relação entre MDB e PSDB, causado pelo impasse no Rio Grande do Sul. Ao negociar a aliança nacional, os tucanos deixaram claro que sua boa vontade estava diretamente ligada ao apoio emedebista a Eduardo Leite, que tenta a reeleição ao governo gaúcho. O problema é que a velha guarda do MDB no estado defende ter uma candidatura própria, e rejeita o apoio a Leite. Apesar das tentativas do diretório nacional do MDB em resolver o nó, ainda não houve acordo. Interlocutores do PSDB, porém, admitem que já houve avanços nas negociações.

Também alimenta a confusão a voracidade petista para construir uma aliança ampla em torno de Lula. Com a consolidação do apoio da maioria dos partidos de esquerda, o ex-presidente partiu para cima de outras grandes legendas, como PSD, MDB, PDT e PSDB. No MDB, a ação do petista aprofundou o racha no partido, que levou à judicialização da convenção nacional. Lula chegou a receber o apoio declarado de 11 diretórios estaduais emedebistas.

No PSDB, Lula mirou em tucanos históricos como o ex-ministro Aloysio Nunes e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Almejou, ainda, Tasso Jereissati, o qual convidou para uma reunião hoje, no dia da convenção. A intenção do petista, declaradamente, era discutir aliança com o PSDB no Ceará após rompimento com o PDT de Ciro Gomes. O convite foi feito durante uma conversa por telefone entre os dois. Jereissati, porém, não deve comparecer devido à convenção tucana.