Durante almoço com cerca de 80 empresárias e executivas organizado pelo Grupo Voto de São Paulo — nesta segunda-feira (25/7) —, o presidente Jair Bolsonaro (PL) acenou ao público feminino na tentativa de reverter resistências a seu nome na busca pela reeleição.
Bolsonaro abriu o discurso com uma piada sobre casamento. “Outro dia, no cercadinho, tinha um casal de noivos e daí eu respondi para os dois: 'Quando um homem solteiro está cansado de ser feliz, o que que ele faz? Procura uma mulher e se casa para ser mais feliz ainda'", disse entre risos de algumas das presentes na plateia.
O chefe do Executivo ainda apelou para a religião e frases de efeito, fazendo uma relação entre andorinhas e mulheres, pedindo indiretamente um voto de confiança nas eleições. “No dia do ponto final, que todo mundo vai ter, teremos um currículo para apresentar, um currículo. É o que nós fizemos ao longo da nossa vida, em especial aquilo que não fizemos, nos omitimos ou lavamos as mãos. Uma andorinha não faz verão, mas todo verão começa com uma andorinha. E vocês são as andorinhas do meu Brasil”, emendou em transmissão pelo Facebook.
“Me rotulam como não gostar de mulheres, não gostar de um montão de coisas e quando a gente vai para números, o trabalho nosso, é exatamente o contrário. Nós preocupamos sim e sabemos que vocês são diferentes para melhor e dentro do governo, o que vocês querem, conseguiram praticamente tudo, é igualdade para desenvolver suas atividades, cada vez mais ser reconhecida na sociedade, participar do futuro do nosso Brasil porque vocês tem muito mais sensibilidade do que nós e nós sermos um país próspero”, completou.
Citando a única filha Laura, Bolsonaro ainda mudou a fala sobre “fraquejada” dita em 2017. “Eu não posso mensurar, mas um filho representa para a mãe e para o pai muito. Depois que nasceu meu primeiro filho, eu mudei muita coisa. Na quinta vez, quando eu acertei e veio uma menina, mudou muito mais ainda. Uma diferença enorme o tratamento quando se pega um garoto em casa e uma menina”.
O presidente citou que motocicleta e armas não são símbolo de machismo. “Outro dia uma pessoa me disse: ‘o que está te afastando das mulheres é você andar de moto e falar de armas’. Aqui tem mulher que gosta de velocidade”.
E que as mulheres em meio às motociatas ajudam a “humanizar”. “Sem querer, nós começamos a andar de moto pelo Brasil, virou uma febre. E tem muitas mulheres que vão ou pilotando ou na garupa. E são muito bem-vindas, ajudam a humanizar até a imagem do motociclista barbudo, cabeludo, uma roupa meio esquisita”.
Bolsonaro destacou que seu governo é o que “mais prende machão”.
“A questão das mulheres, quando se fala em armas eu sei que nós aqui, no nosso meio, quando a gente não quer alguma coisa, não compra, não adquire. O outro lado quando não quer, quer impor para ninguém ter acesso aquilo. Eu dou minha opinião sobre armas de fogo. Às vezes, viajando por aí, acho que uma arma ajuda a defendê-las (as mulheres) se aparecer algum engraçadinho. O governo que mais encarcerou machão foi o nosso”.
O presidente também afirmou que as mulheres são "essenciais", que “não consegue viver sem uma” e que elas sempre têm razão.
"Vocês são essenciais obviamente, eu não consigo viver sem uma. E nós sabemos que a última palavra é sempre de vocês, não adianta a gente dizer que é diferente e 99% das vezes vocês tem razão. Só sou contra quando a minha quer fazer alguma coisa na hora do jogo do Palmeiras. O resto eu topo qualquer coisa, sem problema nenhum”, brincou, mais uma vez.
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Ataques contra Lula
O chefe do Executivo ainda criticou Lula, seu principal opositor político, acenando a pautas ideológicas e afirmando que o petista defende bandidos.
“Eu peço a Deus que nos ajude a tomar as decisões certas. Ninguém quer aqui ideologia de gênero para os nossos filhos a partir de 6 anos de idade. É um crime isso daí. Ninguém quer um filho tendo contato com drogas, quando o outro fala em liberar as drogas. Nós aqui não tratamos sequestradores como meninos que cometeram equívocos. Nós aqui entendemos que o ladrão de celular tem que ir para a cadeia, não tem que achar que isso é normal para ‘tomar uma cervejinha’. Entendemos que operações internacionais tem que ser tratadas com respeito, com estadismo, e não vamos resolver problemas de guerra tomando cerveja também”, ironizou.
Repetindo comparação do Brasil a um carro esportivo de luxo, disse ainda que não se pode colocar o país nas mãos de um “bêbado” e que a população não deve se omitir nas eleições.
“Não adianta você ter uma Ferrari se você botar um bêbado para dirigir. Vocês sabem o que vai acontecer na primeira curva. E o Brasil é mais que uma Ferrari: é uma terra santa, uma terra fantástica, que não falta nada, temos tudo na nossa frente. Por vezes, falta a nós aqui não nos omitirmos”.
“Eleições limpas”
Bolsonaro voltou a colocar em dúvida o sistema eleitoral, dizendo que em outubro o Brasil terá “eleições limpas” e fez referências indiretas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Nós vamos sim ter eleições limpas, transparentes no corrente ano. Não temos guerra com ninguém, aqui não tem ditador no Brasil, não interessa em qual poder ele esteja. Nós temos que dever lealdade ao nosso povo fazer as coisas do melhor jeito possível sem que haja desconfiança futura. Assim é viver em paz”.
O presidente ainda teceu um apelo: “O Brasil, pelo amor de Deus, pensem nisso: é um dos poucos países do mundo que podemos falar ainda que tem democracia e liberdade. Vários outros países estão perdendo isso daí como grandes países da América do Norte. Olhe outros países na América do Sul para onde estão indo. Depois das eleições de 2019, um dos serviços mais procurados na Colômbia é o passaporte”, alegou.
Neste domingo (24/7), durante lançamento da pré-campanha, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, discursou a favor de Bolsonaro em relação às mulheres.
“Falam com vários rótulos que ele tem. Falam que ele não gosta de mulheres. E ele foi o presidente da história que mais sancionou leis para as mulheres, para a proteção das mulheres. 70 leis, 70 leis de proteção para as mulheres”, relatou na data.