O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a comentar nesta segunda-feira (25/7) a guerra da Rússia na Ucrânia. O chefe do Executivo se posicionou contrário a qualquer tipo de conflito, mas destacou que não pode “trazer um problema lá de fora para o nosso colo”. O líder do executivo ainda relatou sobre a visita ocorrida em fevereiro ao país russo envolvendo negociação de fertilizantes e reclamou que em relação a questões ambientais, “alguns preferem morrer de fome do que derrubar uma árvore”.
“Quando se fala em fertilizantes, nós temos tudo aqui no Brasil. Mas também o que tem de gente para atrapalhar, não está no gibi. Questões ambientais, alguns preferem morrer de fome do que derrubar uma árvore. É uma opção dele, mas não pode ser para o resto do nosso país. Mas tínhamos que buscar fertilizantes, garantir o fornecimento de fertilizante em outro país. Isso foi decidido em dezembro do ano passado, mas em março já tínhamos aqui o nosso programa de fertilizantes conduzido pelo almirante Rocha que vem buscando alternativas outras, inclusive no cultivo de algas no mar. Está bastante avançado isso. E também a gente começa a ver a criatividade do brasileiro, o pó de pedra para substituir parte dos fertilizantes”, apontou durante a cerimônia de abertura do Global Agribusiness Forum 2022, em São Paulo.
Bolsonaro destacou ainda que prega a paz, mas que ao se posicionar em relação ao conflito, estaria arrumando “dois problemas”.
“Fomos à Rússia, conversei com o presidente Putin sob a crítica de 99,9% da imprensa brasileira, sob a crítica de outros países. Mas eu sou presidente do Brasil. Quero paz, não quero guerra em lugar nenhum do mundo, faço o possível por isso, mas não posso trazer um problema lá de fora para o nosso colo, sem poder solucioná-lo. Ficaríamos com dois problemas, fizemos a nossa parte, o presidente Putin me atendeu muito bem, três horas de conversa”.
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O presidente ressaltou também que a conversa com o líder russo, Vladimir Putin, garantiu insumos para o agronegócio brasileiro.
“Uma conversa fantástica, interesses mútuos. Tudo o que nós conversamos está sendo cumprido. Tanto é que quase 30 navios já aportaram aqui depois dessas conversas garantindo insumos para o nosso agro. Imaginem o Brasil reduzindo a sua produtividade por falta de fertilizantes. Problemas internos: inflação, quem sabe até mesmo desabastecimento”.
No último dia 22, Bolsonaro reafirmou que o Brasil não vai aderir a sanções contra a Rússia, relatou trechos da conversa com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, ocorrido no último dia 18, e disse que não atenderá ao pedido de união de sanções contra o país russo. Bolsonaro disse ter mantido na conversa a “posição de estadista” e que o Brasil continua em posição de “equilíbrio”.
No dia 18, após telefonema com Bolsonaro, Zelensky afirmou por meio das redes sociais que informou ao brasileiro sobre a situação da guerra no país do leste Europeu, que pediu uma posição mais assertiva contra a Rússia e que discutiram a importância de retomar as exportações de grãos.
Um dia depois, em entrevista à TV Globo, o presidente ucraniano criticou a posição de neutralidade de Bolsonaro diante da guerra. "Eu não apoio a posição dele de neutralidade. Eu não acredito que alguém possa se manter neutro quando há uma guerra no mundo", disse na data.