Em mais um ataque à imprensa, o presidente Jair Bolsonaro (PL) se irritou com uma repórter nesta sexta-feira (22/7). Ele foi questionado sobre suas críticas ao sistema eleitoral e a interrompeu várias vezes, sem responder a pergunta. Ela não se intimidou e insistiu no assunto, quando ele rebateu com ataques.
Com um celular na mão, gravando a entrevista com o chefe do Executivo, a jornalista questiona: “O sistema do jeito que está, o senhor diz que não é transparente, entrega a faixa presidencial caso perca a eleição?”.
“Você está louca para que eu fale não, né? Tá louca. Manchete!”, debochou o presidente. Ela insistiu: “O senhor falou várias vezes que o sistema não é transparente, que não confia e só vai entregar para um sistema limpo”.
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Mas ele continuou sem responder. “Você também não leu o inquérito, né? Que vergonha para vocês!”, disse. Bolsonaro se refere a um inquérito da Polícia Federal (PF), que ele vazou em 2021, onde aponta uma suposta fraude nas eleições de 2018. O caso foi desmentido pela PF e pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em seguida, ele insiste em dizer que é uma “vergonha” ela não saber deste inquérito, mas a repórter também repete várias vezes que a pergunta dela não foi sobre isso. Até que o presidente responde: “Acabou tua cota de entrevista aí”.
Bolsonaro e os ataques às urnas eletrônicas
Desde as eleições de 2018, o presidente fez vários ataques às urnas eletrônicas. Além de sugerir o “voto impresso”, ele chegou a colocar dúvidas sobre o resultado do último pleito.
O mais recente, por exemplo, foi em uma reunião com 40 embaixadores de outros países. No pronunciamento, Bolsonaro citou novamente o inquérito aberto pela Polícia Federal na época, que apurou uma invasão cibernética aos sistemas do TSE.
Bolsonaro relatou, que, segundo o TSE, os hackers ficaram por oito meses dentro dos computadores. “O invasor teve acesso a toda a documentação do TSE, toda base de dados por 8 meses. É uma coisa que, com todo respeito, eu sou o presidente do Brasil e fico envergonhado de falar isso daí”.
Em outra alegação sem provas, disse que dezenas de vídeos das eleições de 2018 mostram que o eleitor “ia votar em 17 do Bolsonaro e não conseguia votar. Ia apertar o 7 não conseguia. Aparecia o 13”, emendou em referência ao 13 de Lula.