eleições 2022

Arranjos do PT em Pernambuco e no Rio tiram o sono de Lula

Presidenciável troca evento de formalização da candidatura pela permanência, com Alckmin, em um estado em que petistas estão a ponto de deixar candidato do PSB. No Rio, problema é vaga em disputa no Senado

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou bem distante das protocolares convenções do PT e de partidos aliados, que homologaram sua candidatura à Presidência da República, com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin de vice. Os dois permaneceram em Pernambuco, um dos dois estados em que o arranjo local entre PT-PSB corre risco por divergências políticas. O outro ponto nevrálgico é o Rio de Janeiro, em que a disputa entre os dois partidos pela única vaga para o Senado obrigou, ontem, o comando da legenda a adiar a convenção estadual do PT fluminense.

No Rio, os petistas acusam o PSB de romper o acordo para a formação da chapa que tem Marcelo Freixo como candidato ao Palácio Guanabara. A legenda indicou o presidente da Assembleia Legislativa estadual (Alerj), André Ceciliano, para o Senado, mas o PSB decidiu, na convenção estadual, na última quarta-feira, manter o nome do deputado federal Alessandro Molon, para irritação do PT.

Como nem mesmo a ida de Lula ao estado, no início do mês, ajudou na construção de um acordo, a Executiva Nacional petista decidiu discutir, na semana que vem, a questão do palanque do Rio. Uma das opções é manter Ceciliano ao Senado em voo solo, fora da chapa com o PSB — algo que Freixo considera a mais provável, pois, em tese, terá dois palanques à disposição. Quando Lula esteve no Rio, foi o que aconteceu: Ceciliano e Molon participaram dos principais eventos públicos do ex-presidente.

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Ajuste

Em Recife, Lula e Alckmin participaram, ontem, de um encontro com representantes do setor cultural. Mas o principal objetivo da viagem foi reforçar o apoio à coligação do PT com o PSB da família Campos, principal força política em Pernambuco. Os petistas estão fechados com o deputado federal Danilo Cabral (PSB) ao governo, mas enfrenta a resistência de uma ala simpatizante de Marília Arrais (Solidariedade). Na agenda de três dias no estado, Lula e Alckmin tiveram a companhia de Cabral na maior parte do tempo.

O presidenciável tem destacado, em suas viagens, a importância da união das forças progressistas para derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL) nas urnas, que deve ficar acima de questões paroquiais. Por isso, não poupa elogios a Alckmin, a quem atribui o papel de ajudá-lo a conquistar o eleitorado não petista de centro.

"Eu precisava ter um companheiro com qualidade e com dimensão, e uma pessoa que governou São Paulo por 16 anos. Não fui pedir Alckmin em casamento, ele já está casado, eu já estou casado. Fui estabelecer uma aliança política com um segmento político que não era o meu", disse.

Lula é o segundo candidato confirmado para o pleito de outubro, depois de Ciro Gomes PDT), oficializado na última quarta-feira. Com a homologação da chapa Movimento Vamos Juntos Pelo Brasil (que inclui PT, PCdoB, PV, PSB, PSol, Rede e Solidariedade), também está firmada a federação Brasil da Esperança (entre PT, PCdoB e PV).

"Aprovamos a nossa coligação de sete partidos, mas, também, delegamos à executiva nacional da federação poderes para discutir com outros partidos que possam querer integrar. Falamos sobre a importância da construção da unidade do campo político que estamos representando", disse a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR).

Em comum acordo com os aliados, Lula e Alckmin comparecerão apenas à convenção nacional do PSB, dia 29, em Brasília, como uma demonstração da importância que o presidenciável dá à parceria com o ex-governador paulista. "Nós acordamos que faríamos as nossas convenções e a convenção que participaríamos seria a do PSB, que vai homologar a candidatura de Alckmin para vice", confirmou Gleisi.