Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro (PL), faltou ao depoimento marcado na Polícia Federal. Ela foi intimada a depor no inquérito aberto para apurar suposta prática de tráfico de influência por parte de Jair Renan, filho dela com o chefe do Executivo, o "zero quatro". A informação foi antecipada pelo O Globo.
Os investigadores apuram que Jair Renan intermediou contatos de empresários com integrantes do governo federal em troca da captação de doações para a montagem de sua empresa de eventos Bolsonaro Jr Eventos e Mídia. Com a ausência do depoimento, a PF deve remarcar as oitivas para os próximos dias.
No mês de abril, Jair Renan depôs por mais de cinco horas na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília. Na ocasião, o advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, afirmou que o filho do presidente é vítima de fake news.
A PF tentava ouvir Jair Renan há quatro meses. Ele já havia sido intimado em dezembro, por meio da sua defesa, mas não compareceu ao depoimento. De acordo com a investigação da PF, Zero Quatro teria atuado junto ao governo em benefício da própria empresa. O inquérito foi aberto em março de 2021, a pedido do Ministério Público Federal (MPF), com base em denúncia apresentada por parlamentares da oposição.
O Correio não conseguiu contato com Ana Cristina Valle. O espaço permanece aberto para manifestações.
Empresa sob investigação
A Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, empresa de Jair Renan, foi criada no fim do ano passado. A PF investiga se a empresa foi criada para promover articulações entre a Gramazini Granitos e Mármores Thomazini, grupo empresarial que atua nos setores de mineração e construção, e o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.
Outro ponto que chamou atenção dos investigadores foi que o grupo empresarial que atua nos setores de mineração e construção — e tem interesses junto ao governo federal — presenteou Jair Renan e o empresário Allan Lucena, um dos parceiros comerciais do filho do presidente, com um carro elétrico avaliado em R$ 90 mil.