Candidato, Ciro equipara Lula a Bolsonaro

O ex-governador Ciro Gomes é o primeiro candidato oficial na corrida à Presidência da República. O nome dele foi confirmado, ontem, na Convenção Nacional do PDT, em Brasília. O anúncio ocorreu no primeiro dia da janela para as convenções, que vai até 5 de agosto. A vaga de vice, porém, permanece em aberto.

No discurso, Ciro fez aceno ao eleitorado feminino, disse que prefere uma mulher como vice e disparou críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao presidente Jair Bolsonaro (PL) — primeiro e segundo colocados, respectivamente, nas pesquisas de intenção de voto.

"O Brasil vive a pior crise na nossa história, e dois dos principais responsáveis pela crise estimulam a polarização vulgar, personalista, e odienta", apontou. "(A polarização) não produz diagnósticos para nossos problemas. Os dois disputam entre si quem é o mais corrupto, quem é o mais autoritário, o mais fascista, o mais comunista."

O candidato criticou Bolsonaro pelas tentativas de tumultuar o processo eleitoral e classificou a reunião promovida pelo chefe do Executivo com embaixadores como "o mais horrendo espetáculo de apologia à ditadura e vexame internacional já feito por um presidente". "Usar e emporcalhar (o cargo) são os melhores verbos para definir o seu método de permanência. Ele é um grande preguiçoso, não trabalha, não pensa, não executa."

Em relação a Lula, o ex-governador responsabilizou os governos do PT pela eleição de Bolsonaro em 2018. "Foram 14 anos de oportunidade que a população deu ao PT. Qual é o milagre que eles podem conseguir fazer em quatro anos que não fizeram em 14?", questionou. Uma das frases mais repetidas por Lula em seus comícios é que, se voltar ao cargo, fará "ainda mais" do que fez nas suas gestões.

Ciro se colocou como um candidato que tem plano de governo estruturado e como um competidor disposto a participar do debate político. Ele fez ainda fortes acenos ao eleitorado feminino. Disse que as mulheres "vão salvar" o Brasil.

Em relação ao vice na chapa, o partido acordou que a escolha será de responsabilidade de sua Executiva Nacional. Em coletiva a jornalistas logo após o discurso, Ciro confirmou que ainda há negociações em andamento com o União Brasil e com o PSD. A estratégia do PDT, que ainda não tem alianças nacionais, é tentar se aproximar de outras legendas para não repetir a chapa puro-sangue de 2018.

Uma das definições do partido é que seus candidatos estão proibidos de usar a imagem de outros presidenciáveis que não a de Ciro em suas campanhas. Alguns integrantes do PDT admitem, nos bastidores, apoiar Lula e até defenderam publicamente a retirada da candidatura do ex-governador. Questionado sobre isso, Ciro disse que prefere não comentar, mas criticou a atitude de Lula.

"A mim tem chocado a absoluta falta de comportamento democrático do Lula em invadir e tentar destituir as organizações partidárias. O que o Lula está fazendo com a senadora Simone Tebet (MDB) é puro fascismo", disse o candidato. Na segunda-feira, o ex-presidente reuniu-se com emedebistas e recebeu apoio de 11 diretórios estaduais da legenda.