O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, reagiu às críticas que o presidente Jair Bolsonaro (PL) fez ao processo eleitoral na reunião com embaixadores. Sem citar o nome do chefe do Executivo, o ministro disse que estão tentando "sequestrar a opinião pública" e que é hora de "dizer um basta".
Fachin reiterou que não há nenhum indício de fraude nas urnas eletrônicas. "A Justiça Eleitoral está preparada e conduzirá a eleição de 2022 de forma limpa e transparente, como vem fazendo nos últimos 90 anos. E, nos últimos 26 anos, de forma eletrônica de votação", afirmou.
"Há um inaceitável negacionismo eleitoral por parte de uma personalidade importante dentro de um país democrático, e é muito grave a acusação de fraude (má-fé) a uma instituição, mais uma vez, sem apresentar provas", reprovou, durante palestra em evento da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Paraná.
O presidente do TSE lamentou a tensão entre os Poderes. "Mais uma vez, a Justiça Eleitoral e seus representantes máximos são atacados com acusações de fraude, ou seja, uso de má-fé. Ainda mais grave é o envolvimento da política internacional e também das Forças Armadas, cujo relevante papel constitucional a ninguém cabe negar como instituições nacionais, regulares e permanentes do Estado, e não de um governo. É hora de dizer um basta à desinformação e ao populismo autoritário."
Repercussão
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se manifestou sobre as acusações de Bolsonaro: "O Congresso Nacional, cuja composição foi eleita pelo atual e moderno sistema eleitoral, tem a obrigação de afirmar à população que as urnas eletrônicas darão ao país o resultado fiel da vontade do povo, seja qual for".
Presidenciáveis também reagiram. "É uma pena que o Brasil não tenha um presidente que chame 50 embaixadores para falar sobre algo que interesse ao país. Emprego, desenvolvimento ou combate à fome, por exemplo. Ao invés disso, conta mentiras contra nossa democracia", escreveu, no Twitter, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O pré-candidato pelo PDT, Ciro Gomes, classificou as declarações de Bolsonaro como "horrendo espetáculo". "Nunca, em toda história moderna, o presidente de um importante país democrático convocou o corpo diplomático para proferir ameaças contra a democracia e desfilar mentiras tentando atingir o Poder Judiciário e o sistema eleitoral", destacou.
Simone Tebet, pré-candidata pelo MDB, disse que o chefe do Executivo, "usando instrumentos oficiais, dentro do Palácio da Alvorada, faz o Brasil passar vergonha diante de embaixadores dos principais países do mundo".