O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira (18/7) não ter dormido durante a noite. O chefe do Executivo relatou ter tido febre e gripe a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada. "Não dormi a noite toda, febre, gripe", afirmou, enxugando o nariz com as costas das mãos e voz rouca.
A indisposição do presidente ocorre no mesmo dia em que ele marcou uma reunião com cerca de 40 embaixadores fora da agenda oficial. A intenção, segundo o presidente, é mostrar como foram as eleições de 2014 e 2018. Bolsonaro tem feito reiterados ataques às urnas eletrônicas, afirmando que houve fraude. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no entanto, já desmentiu a afirmação.
O encontro será na residência oficial. Participarão o general da reserva Walter Braga Netto, apontado por Bolsonaro como seu vice para compor a chapa de 2022 na tentativa de reeleição; e o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, recusou o convite. Em resposta à Presidência, Fachin alegou que, como presidente da Corte que julga a legalidade das ações de pré-candidatos e candidatos, "o dever de imparcialidade impede de comparecer a eventos por eles organizados". Além de Fachin, o ministro Luiz Fux, que preside o Supremo Tribunal Federal (STF), também foi convidado, mas não confirmou presença.
Também foram chamados os presidentes do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins; do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Emmanoel Pereira; e do Tribunal de Contas da União, Ana Arraes. Destes, apenas Pereira disse que vai.
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A iniciativa de convidar os representantes do Judiciário e do TCU partiu de uma sugestão feita por assessores da Presidência da República. Bolsonaro afirmou que apresentará um Power Point com documentos sobre os resultados das eleições de 2014, 2018 e 2020. No encontro, o pré-candidato à reeleição deve, mais uma vez, desacreditar a segurança do processo eleitoral brasileiro e atacar o uso das urnas eletrônicas.
"Eu marquei pra segunda-feira um encontro com 50 embaixadores ou mais para discutirmos sobre o segundo turno de 2014. (…) Vamos mostrar 2014 e eleições de 2018, onde eu ganhei no primeiro turno. Agora, eu falo isso não é da boca para fora, é comprovado", disse Bolsonaro na última terça-feira em conversa com apoiadores na porta do Palácio da Alvorada. O presidente repete a declaração feita desde 2020, quando prometeu apresentar tais provas, mas nunca o fez.
O encontro também servirá para um contraponto à decisão do ministro Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de ampliar a presença de missões estrangeiras como observadoras das eleições gerais, a contragosto do Planalto. Bolsonaro também pretende rebater palestras no exterior do próprio Fachin e do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), nas quais alertaram a comunidade internacional para os riscos de ruptura democrática no Brasil.
O presidente da República deu a entender que a reunião com embaixadores é, ainda, uma "resposta" a Fachin. Recentemente, a Corte Eleitoral fez uma reunião com os representantes das embaixadas para mostrar como funcionam as urnas eletrônicas brasileiras.