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PEC das Bondades terá impacto de R$ 16,3 bilhões no comércio

Pelos cálculos do economista Fabio Bentes, da CNC, o impacto no comércio será perto de 40% do volume de despesas adicionais fora do teto de gastos deste ano

O efeito do pacote de "bondades" da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 1/2022, que tramitou de forma atropelada no Congresso, deverá ser de curtíssimo prazo e menor do que o volume das medidas de estimulo fiscal previstas, de R$ 41,2 bilhões. Pelos cálculos do economista Fabio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o impacto no comércio será de R$ 16,3 bilhões, ou seja, perto de 40% do volume de despesas adicionais fora do teto de gastos deste ano.

"Boa parte dos recursos previstos no pacote deve ser canalizada para serviços e pagamento de dívidas, mas o volume não é desprezível e deve ajudar a melhorar as vendas do comércio no curto prazo. Porém, deve piorar o quadro fiscal no ano que vem", destacou Bentes, em entrevista ao Correio, ao comentar a variação de apenas 0,1% no comércio varejista de maio, divulgada ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "O dado do IBGE é decepcionante, mas, contextualizando o histórico de cinco altas seguidas, é positivo em um cenário de inflação alta e queda da renda dos consumidores", ressaltou.

O economista da CNC afirmou que está revisando levemente para cima a perspectiva de crescimento do comércio varejista de 2022. Contudo, reconheceu que as consequências da piora do quadro fiscal provocada pela PEC caem diretamente no bolso do consumidor, pois o Banco Central será obrigado a manter os juros elevados por mais tempo. Atualmente, a taxa básica da economia (Selic) está em 13,25% ao ano e, pelas projeções dos analistas, em agosto, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC deverá aumentar novamente, para 13,75%.

"Os juros já estão altos e devem continuar elevados por um período mais longo do que o necessário, anulando os efeitos positivos da PEC na economia. O comércio que depende de vendas a prazo será afetado, pois as famílias continuam com elevado nível de endividamento", alertou Bentes. "E, se as Selic permanecer nesse patamar de 13,75% até maio do ano que vem, esse efeito de curto prazo da PEC será anulado pelos juros altos."

Por sinal, analistas do mercado têm chamado a atenção para os efeitos negativos da PEC na economia e não param de revisar para baixo as previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023. Alguns não descartam recessão no início do próximo ano e maiores riscos para um enorme desequilíbrio fiscal nas contas públicas.

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