Depois das denúncias de assédio sexual e moral contra o ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães, mais um executivo do banco perdeu o cargo devido a uma acusação semelhante. Celso Leonardo Barbosa deixou, na noite da última-sexta-feira, a Vice-Presidência de Negócios de Atacado. Ele pediu demissão e, como foi levado por Guimarães para o posto e ainda vem sendo apontado como assediador e acólito do ex-presidentes nas investidas sexuais, perdeu as condições de permanecer no banco.
Celso era considerado o vice mais próximo de Guimarães e foi citado nas denúncias pelas funcionárias da Caixa. O Conselho de Administração da instituição aceitou a carta de renúncia dele.
Além de ter sido citado nas denúncias contra Guimarães no Ministério Público Federal, Celso aparece na única denúncia de assédio sexual formalizada na Ouvidoria da Caixa. Embora negue, uma das alegações é de que ele teria atacado uma funcionária sexualmente. A decisão de ele deixar um cargo de comando no banco ocorreu, segundo a instituição, porque a situação tornou-se "insustentável".
Comitê
Nomeada para a presidência da Caixa em substituição a Guimarães, Daniella Marques pretende criar um comitê de crise com uma força-tarefa para apuração das denúncias de assédio sexual no banco. A ideia é isolar a crise e impedir a contaminação da operação da instituição.
Ela deve tomar posse nesta terça-feira. Mas, antes, o nome de Daniella precisa ser aprovado pelo comitê de elegibilidade da Caixa — estrutura que faz parte da estrutura de governança do banco.
No Ministério da Economia desde o início do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), Daniella se dedicou, nos últimos meses, ao conhecer melhor o programa "Brasil Pra Elas", que investe em mais crédito dos bancos federais para as mulheres e na educação empreendedora por meio de capacitação realizada pelo Sebrae. Para isso, ela montou uma equipe de mulheres e deve ser o carro-chefe da sua gestão.
Formada em administração pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, e com MBA em finanças pelo Ibmec/RJ, Marques atuou por 20 anos no mercado financeiro. Ela foi sócia do ministro da Economia, Paulo Guedes, na Bozano Investimentos, no Rio, e deixou a gestora em 2019 para trabalhar ocupar o posto de assessora especial na pasta. Marques era considerada o braço direito de Guedes.
Enquanto ela não assume, o Conselho de Administração anunciou que a vice-presidente de Habitação do banco, Henriete Bernabé, ocupará interinamente a presidência. Ainda de acordo com o comunicado da Caixa, os procedimentos internos de elegibilidade de Marques estão em andamento.