ELEIÇÕES 2022

Bivar trava palanque em SP e dá sinais de que pode apoiar Lula já no 1º turno

Presidente do União Brasil, o deputado federal trava o palanque do governador Rodrigo Garcia, candidato à reeleição em São Paulo, com sinais de que pode apoiar a campanha do ex-presidente Lula ao Planalto

Tainá Andrade
Vinicius Doria
postado em 30/07/2022 06:00
 (crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
(crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Na véspera das convenções estaduais do PSDB e do MDB em São Paulo para fechar a chapa da reeleição do governador tucano Rodrigo Garcia, o presidente do União Brasil e ainda pré-candidato à Presidência, Luciano Bivar, aumentou o preço para aderir à coligação da terceira via paulista. Com a chave do cofre mais recheado pelo Fundo Eleitoral — perto de R$ 1 bilhão para gastar em propaganda nos próximos dois meses — e o maior tempo de propaganda obrigatória, que começa em 16 de agosto, no rádio e na tevê, o cacique pernambucano insiste em indicar o vice de Garcia, apesar do acordo firmado em abril para que a vaga seja ocupada pelo MDB.

Bivar ameaça, inclusive, abdicar da disputa presidencial e aderir à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Planalto, caso o partido dele não emplaque o vice em São Paulo. Fontes ligadas ao governador, ouvidas pelo Correio, definiram a estratégia do político como "chantagem". Bivar está, na avaliação desses interlocutores, construindo uma base política em São Paulo e, simultaneamente, pavimentando a via de apoio a Lula em um possível governo petista em 2023. Maior colégio eleitoral do país, São Paulo é considerado o fiel da balança na eleição presidencial. Quem vencer no estado acumulará cacife para influenciar a política brasileira nos próximos quatro anos.

Diante do impasse, os presidentes do PSDB, Bruno Araújo, e do MDB, Baleia Rossi, estão na capital paulista para tentar destravar o nó que deve adiar, para a semana que vem, a formação da chapa governista em torno de Garcia. O governador quer anunciar amanhã, na convenção tucana, o nome do ex-secretário de Saúde da capital paulista Edson Aparecido que, em abril, trocou o PSDB pelo MDB com a promessa de ser indicado para a vaga. Araújo e Rossi almoçaram, ontem, com o presidente da Câmara de Vereadores de São Paulo, Milton Leite, principal fiador do União Brasil da aliança pró-reeleição do governador.

Sem acordo, PSDB e MDB devem decidir, nas convenções, deixar em aberto o nome para a disputa ao Senado, confiando na manutenção do acordo com o partido de Bivar. A disputa pelo governo de São Paulo — berço da terceira via de centro — deve ser uma das mais acirradas do país. Os tucanos tentam manter a hegemonia no estado, que já dura quase três décadas, mas terão de enfrentar os candidatos apoiados pelos principais protagonistas da disputa presidencial: os ex-ministros Fernando Haddad (PT) — líder das pesquisas de intenção de voto —, respaldado por Lula; e Tarcísio de Freitas (Republicanos), avalizado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

Jogo duplo

O apoio do União Brasil a Lula é tratado como estratégico por lideranças do PT, interessadas em ampliar, na direção do centro, o leque das alianças do ex-presidente, até agora limitado a partidos de esquerda. Mas as exigências de Bivar e a própria divisão interna do partido dele impedem uma coligação formal. A agremiação é fruto da fusão do DEM com o PSL, ex-partido de Bolsonaro, com forte viés antipetista.

A tentativa de atrair a legenda de Lula para o palanque do candidato do União ao governo da Bahia, ACM Neto, por exemplo, é considerada inviável pelo PT, pois dependeria da desistência do candidato petista ao Palácio de Ondina, Jerônimo Rodrigues, um dos líderes nas pesquisas locais. O senador Jaques Wagner, uma das lideranças mais influentes do PT, disse que a chance de apoio a ACM Neto é "zero".

Em São Paulo, o movimento é em sentido contrário: Haddad mantém aberta a vaga de vice em sua chapa, na esperança de atrair o União Brasil e ratificar o apoio de Bivar a Lula no plano nacional. "Para o PT, seria fundamental, não só pelo tempo de tevê no horário eleitoral, mas acho difícil. É o jogo do Bivar, negociando com mais de um lado", disse um articulador da campanha de Lula, reservadamente, ao Correio.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.