O candidato à presidência Ciro Gomes (PDT) declarou nesta quarta-feira (27/7) que gostaria de ir para o 2° turno das eleições com Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Caso não seja esse cenário, ele não apoiará o petista na disputa contra Jair Bolsonaro. O ex-governador do Ceará explicou: "Como eu vou subir no palanque com essa gente?".
Em entrevista à GloboNews, Ciro disse que “gostaria que o Brasil se livrasse do Bolsonaro já no primeiro turno”, pois, segundo ele, seria o cenário ideal para o país. “A democracia estaria pacificada, tranquilizada, e poderíamos discutir o que aconteceu com esse maravilhoso povo que caiu na mão desse crápula como o Bolsonaro”.
O pedetista ressaltou que aceitaria o incentivo do petista em um eventual cenário de 2º turno contra o atual presidente. “Se eu for para o 2° turno contra o Bolsonaro, claro que aceito. O Lula subir no palanque? Claro que aceito”.
Por outro lado, Ciro descartou subir ao palanque ao lado de Lula contra Bolsonaro - cenário mais provável conforme apontam as recentes pesquisas eleitorais. “O contrário não há mais caminho”.
Ele contou que estendeu a mão ao petista em diversos momentos, mas não teve o mesmo em troca. “O maior responsável pela tragédia que está acontecendo no Brasil se chama Luiz Inácio Lula da Silva.”
“Eles fazem o que fazem comigo e com o povo brasileiro, querem que eu vá fazer campanha do lado deles? Como eu, dizendo que eles são corruptos, incompetentes, destruíram o Brasil, venderam o Brasil para os banqueiros, vou subir no palanque com essa gente?”.
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'30% de fanáticos'
Nesse sentido, Ciro admitiu que é pouco provável que Lula fique fora do 2° turno das eleições. “Ele tem 30% de fanáticos que ele pode bater na mãe, chamar Jesus de palavrão e as pessoas o relativizam. Tá aí acontecendo”.
“Para uma certa burguesia brasileira de boa fé parece que a única tarefa no Brasil é derrotar o facismo. E o dia seguinte? A fome? O desemprego, o desastre generalizado que o país está vivendo na saúde pública, educação, infraestrutura?”.
O candidato do PDT reforçou: “Se o Lula se eleger com esse papo furado de picanha e cerveja, memória afetiva, parece o candidato Kinder Ovo, que vem uma surpresa dentro. Se não estabelecer uma cumplicidade com o povo, vai ser o maior estelionato eleitoral.”
Eleições 2018
No segundo turno de 2018, Ciro foi o terceiro colocado no pleito, com 13,3 milhões de votos (12,47%). A disputa foi entre Jair Bolsonaro, à época do PSL, e Fernando Haddad, do PT.
Logo que anunciado o resultado do 1° turno, o pedetista viajou para a França. Posteriormente, Ciro garantiu que voltou ao país no 2° turno e votou em Haddad, embora não tivesse feito campanha favorável ao petista.
“Na mesma noite, antes de acabar as pesquisas, eu me declarei contra o Bolsonaro. Fui para Brasília, participei da reunião do PDT, declaramos apoio crítico ao Haddad e simplesmente exerci um direito meu de não participar de comícios ou palanques”.
Por fim, Ciro garantiu que levará adiante a quarta participação na eleição presidencial: “Eu estou aqui lutando há 10 anos, é a 4ª vez que sou candidato. Será que para mim só resta o direito de apoiar gente que eu considero desonesto, incompetente, sem escrúpulo?”.
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