O presidente Jair Bolsonaro (PL) lançou sua candidatura à reeleição neste domingo (24), em um ato no Rio de Janeiro marcado por ataques fortes ao Supremo Tribunal Federal (STF), críticas ao principal adversário, Luis Inácio Lula da Silva (PT), e um tom bélico que pareceu ignorar os conselhos de sua equipe de campanha.
Bolsonaro usou o comício como plataforma para convocar seu eleitorado a a "ir às ruas pela últimas vez" em 7 de setembro, data em que ocorreram manifestações marcadas por comportamentos antidemocráticos no ano passado.
A oficialização de Bolsonaro como candidato às eleições de outubro aconteceu na convenção do Partido Liberal (PL) no Rio de Janeiro, berço político do presidente. De acordo com os organizadores, 12 mil pessoas acompanharam o discurso, embora fosse possível ver alguns espaços vazios na multidão.
"Convoco todos vocês agora, para que todo mundo, no 7 de setembro, vá às ruas pela última vez", discursou o presidente, que voltou a atacar o STF. "Esses poucos surdos de capa preta têm que entender o que é a voz do povo", disse sobre os ministros da mais alta corte nacional.
"O Supremo é o povo!", responderam seus apoiadores.
Bolsonaro discursou por mais de uma hora no ginásio do Maracanãzinho, onde havia um clima festivo, com seus apoiadores vestindo, em sua maioria, as cores da bandeira.
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O presidente afirmou pedir a Deus "para que o Brasil nunca experimente as dores do comunismo", em referência a Lula, a quem acusou, sem citá-lo, de querer cercear as liberdades caso volte ao poder nas eleições de outubro. O petista é apontado como favorito pelas pesquisas. Bolsonaro apelou diretamente aos jovens brasileiros, que, em sua maioria, de acordo com as pesquisas, devem votar em Lula.
"Temos que trazer o jovem de esquerda para nosso lado, mostrar a verdade (...) Onde o seu candidato apoiou outros pela América do Sul, olha a miséria que está esse país, olha a Venezuela (...) Olha para onde está indo nossa Argentna, a sua economia, um pais prospero, 50% da população está próxima da linha da pobreza", garantiu. "Lula, ladrão, teu lugar é na prisão!", respondia a multidão.
Antes do evento deste domingo, um assessor próximo de Bolsonaro disse à AFP que o comitê de campanha recomendou ao presidente concentrar-se em uma agenda proativa, focada na economia e nos esforços do governo para reduzir os preços dos combustíveis e fortalecer a ajuda social, e abandonar polêmicas como os ataques às urnas eletrônicas.
No entanto, além de atacar o STF, Bolsonaro citou indiretamente as acusações de vulnerabilidade das urnas eletrônicas ao garantir que seus apoiadores "não admitem fraudes".
Entre o público, era possível ver cartazes com a frase "Deus, Pátria e Família". Uma bandeira do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump também estava presente.
O presidente subiu no palco ao lado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e seu candidato a vice-presidente, o general Walter Braga Netto. Bolsonaro prometeu que, caso reeleito, manterá em 2023 o Auxílio Brasil, principal programa de ajuda social, em 600 reais, valor que foi recentemente aumentado até dezembro.
Michelle antecedeu o presidente com um breve discurso em que revelou rezar pelo marido e garantiu que Bolsonaro foi o presidente "que mais leis sancionou para a proteção das mulheres". A primeira-dama é apontada pela comissão de campanha como uma peça-chave para tentar diminuir a rejeição de Bolsonaro no eleitorado feminino e fidelizar o voto dos evangélicos.
O presidente apareceu no palco vestindo um colete à prova de balas por baixo da camisa. O Gabinete de Segurança Institucional colocou em prática um forte dispositivo de segurança no evento, com revistas e detectores de metal, após episódios de violência política que abalaram o período eleitoral no Brasil.
Um mês antes das eleições que venceu em 2018, Bolsonaro foi esfaqueado no estômago durante um comício.
Reverter a desvantagem
A comissão de campanha do presidente trabalha para reverter a desvantagem nas pesquisas em relação ao ex-presidente Lula, favorito para 2 de outubro.
O último levantamento da Datafolha em junho mostrou Lula, líder do Partido dos Trabalhadores (PT), com 47% das intenções de voto, seguido de 28% para Bolsonaro.
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