A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) rebateu, nesta sexta-feira (22/7), fala do ex-presidente Michel Temer (MDB), que a classificou como "honestíssima" e negou que houve golpe no processo de impeachment de Dilma em 2016. A petista afirmou que "a história não perdoa a prática da traição", e que Temer "não engana mais ninguém".
"Eu agradeceria que o senhor Michel Temer não mais buscasse limpar sua inconteste condição de golpista utilizando minha inconteste honestidade pessoal e política. É justamente essa qualidade que despreza, rejeita e repudia uma avaliação que parte de alguém que articulou uma das maiores traições políticas dos tempos recentes", disse Dilma em nota divulgada pelo PT.
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Em entrevista ao portal UOL, na quinta-feira (21/7), Temer defendeu que Dilma nunca se envolveu em casos de corrupção. "O que eu sei, e pude acompanhar, embora estivesse à margem do governo e embora fosse vice-presidente, não há nada que possa apodá-la de corrupta. Para mim, honestíssima. Houve problemas políticos. Ela teve dificuldade no relacionamento com o Congresso Nacional, teve dificuldade no relacionamento com a sociedade e teve as chamadas 'pedaladas', um coisa extremamente técnica", disse o emedebista.
Segundo Dilma, as provas da traição de Temer estão na PEC do Teto de Gastos, na reforma trabalhista e na aprovação do Preço de Paridade Internacional (PPI), implementados durante o governo de seu antigo vice. "Lembro ainda que a 'dificuldade de diálogo com o Congresso' não é razão legal e constitucional para impeachment em um regime presidencialista, como ele bem sabe", continuou a ex-presidente.
Em sua nota, Dilma também defende que sua dificuldade na relação com o Congresso ocorria por uma rejeição às práticas do presidente da Câmara dos Deputados à época, Eduardo Cunha, que classificou como "criador do Centrão".
"Finalmente, relembro que a história não perdoa a prática da traição. O senhor Michel Temer não engana mais ninguém. O que se conhece dele é mais que suficiente para evitá-lo, razão pela qual não pretendo mais debater com este senhor”, finalizou a ex-presidente.
Confira a nota na íntegra
Eu agradeceria que o senhor Michel Temer não mais buscasse limpar sua inconteste condição de golpista utilizando minha inconteste honestidade pessoal e política. É justamente essa qualidade que despreza, rejeita e repudia uma avaliação que parte de alguém que articulou uma das maiores traições políticas dos tempos recentes.
É de todo inócuo afirmar que não houve um golpe, pois este personagem se ofereceu como vice-presidente por duas vezes. E, assim, sabia por duas vezes qual era o programa político das chapas vitoriosas que foram eleitas em 2010 e 2014.
As provas materiais da traição política estão expressas na PEC do Teto de Gastos, na chamada reforma trabalhista e na aprovação do PPI para as quais não tinha mandato. Nenhum desses projetos estavam em nossos compromissos eleitorais, pelo contrário, eram com eles contraditórios. Trata-se, assim, de traição ao voto popular que o elegeu por duas vezes.
Lembro ainda que a “dificuldade de diálogo com o Congresso” não é razão legal e constitucional para impeachment em um regime presidencialista, como ele bem sabe.
Tal “dificuldade” era uma integral rejeição às práticas do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, criador do Centrão, que queria implantar com o meu beneplácito o “orçamento secreto”, realizado, hoje, sob os auspícios de um dos seus mais próximos auxiliares na Câmara Federal.
Finalmente, relembro que a História não perdoa a prática da traição. O senhor Michel Temer não engana mais ninguém. O que se conhece dele é mais que suficiente para evitá-lo, razão pela qual não pretendo mais debater com este senhor.
Dilma Rousseff
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