Escalado para alcançar segmentos políticos nos quais o PT tem dificuldade de chegar, Geraldo Alckmin (PSB), vice de Luiz Inácio Lula da Silva, tem cumprido uma intensa agenda com caciques do agronegócio. Os encontros vêm acontecendo há algumas semanas, sem a presença do presidenciável, mas com o ex-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Marcello Brito, a tiracolo.
A ideia desses encontros é construir uma agenda que privilegie, também, as questões ambientais, pauta histórica do PT. Ao agronegócio também interessa saber o que o líder nas pesquisas eleitorais tem a propor ao setor.
Assim, a partir de agora, enquanto Lula foca nas mobilizações de rua e a galvanização da militância petista, Alckmin reforça a conversa em estados nos quais o presidente Jair Bolsonaro (PL) é forte — como Goiás, Paraná e Santa Catarina. Para a primeira quinzena de agosto, o vice chega em Mato Grosso do Sul, onde terá encontros com entidades representativas do agronegócio.
A agenda tem como proposta recolher sugestões e entender desafios do setor para construir um projeto comum, de forma que se possa assumir compromissos para um plano de governo. Aliás, a primeira parte de ideias será consolidada, hoje, em uma reunião, em São Paulo, entre o coordenador do programa de governo de Lula na campanha, Aloizio Mercadante, e empresários do setor.
O diálogo ganhou ainda mais força depois que o deputado federal Neri Geller (PP-MT) e o senador Carlos Fávaro (PSD-MT) manifestaram apoio público à chapa Lula-Alckmin. Isso, porém, causou desconforto entre outros apoiadores, como a ex-ministra Marina Silva (Rede-AC) — que criticou a pretensão de criar uma compatibilidade de interesses de agronegócio, indígenas e ambientalistas.
"A pergunta que precisa ser feita é: essas lideranças estão vindo por terem reavaliado suas ações e seus posicionamentos recentes ou porque estão sendo acolhidas suas teses antiambientais contraproducentes?", questionou.
Apesar disso, o apoio de Marina segue firme à chapa de Lula e Alckmin. Mesmo porque, ela aguarda o resultado da articulação para vaga de vice de Fernando Haddad para a disputa do governo de São Paulo.
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Atração
A posição de Lula nas pesquisas tem atraído, também, parte da bancada do agronegócio no Congresso, preocupada com a postura de Bolsonaro. Quase toda inserida no Centrão, fontes ouvidas pelo Correio afirmam que a divisão se aprofundou: há um grupo mais agressivo, que segue com o governo, e outro disposto a dialogar com o ex-presidente.
Um dos nomes que tem conversado com a campanha de Lula é o presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio na Câmara, Sérgio de Souza (MDB-PR). "Para quem vende para fora, que sabe da importância do diálogo com o mercado da Europa, tem uma postura diante da guerra (da Ucrânia) e tem medo de ruídos nas trocas comerciais, a estabilidade do cargo (de presidente) é fundamental", justificou um parlamentar que integra o grupo interessado em ouvir o que Lula e Alkmin têm a dizer.
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