O juiz Gustavo Germano Francisco Arguello, da 3ª Vara Criminal de Foz do Iguaçu (PR), aceitou, ontem, a denúncia do Ministério Público do Paraná (MP-PR) contra o policial penal federal Jorge Guaranho por causa do assassinato do dirigente petista Marcelo Arruda. Com isso, Guaranho agora é réu pelo homicídio que cometeu em 9 de julho.
Na denúncia apresentada ao Tribunal do Júri, o MP acusa Guaranho de homicídio duplamente qualificado, com as agravantes de motivação fútil e de pôr em risco outras pessoas no local do crime. Diferentemente da Polícia Civil, que atribuiu motivação torpe ao assassinato, os promotores apontam não ser possível a utilização dessa agravante devido à inexistência de vantagem econômica.
De acordo com Luis Mafra, um dos promotores que encaminharam a denúncia, há várias investigações em curso. Segundo ele, depois do recebimento dos laudos de perícia do celular e do carro de Guaranho, do gravador de vídeos do local do crime e da balística, novos elementos podem ser acrescentados à denúncia.
Segundo o promotor Tiago Mendonça, também autor da denúncia, não foi possível enquadrar Guaranho na lei dos crimes de ódio, discriminação ou preconceito, nem na lei de crimes contra o Estado Democrático de Direito. Ressaltou, porém, que a motivação política do assassinato é clara.
Para o advogado Daniel Godoy Júnior, que representa a família de Marcelo Arruda, a denúncia "reconhece a motivação político-partidária e insere o crime no quadro da violência política que está acontecendo no país". Ele observou que o homicídio praticado por Guaranho — que deixou a UTI e está consciente — foi mais bem caracterizado na denúncia do que no inquérito policial.
Encontro
Também ontem, Jair Bolsonaro recebeu um dos irmãos de Marcelo Arruda, José. Dias atrás, o parente da vítima participou de uma videochamada com o presidente. Segundo o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), que intermediou o encontro, o presidente se solidarizou com a família e se retratou por ter dito, no último dia 12, que "petistas encheram a cara do atirador de chutes".
Ainda de acordo com o parlamentar, Bolsonaro se colocou taxativamente contra violência. Ele não disse, porém, se o encontro recebeu a anuência da viúva de Marcelo Arruda, Pâmela Suellen Silva — à qual o presidente não prestou solidariedade.
"José não veio falar de política. Ele entendeu que seria um conforto para a família. Esperamos que a justiça seja feita e que se houver algo mais que não foi esclarecido, que o seja para o bem das próximas eleições", disse o deputado. Na saísa, José Arruda não falou com a imprensa.
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