O ex-governador do Ceará e candidato ao Planalto Ciro Gomes (PDT) afirmou, nesta quarta-feira (20/7), que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) disputam "quem é o mais fascista, quem é o mais comunista", e que a polarização atual cria o cenário para que "o caos possa tomar conta desse país". Ciro teve a candidatura confirmada nesta tarde, durante convenção nacional do PDT.
"O Brasil vive a pior crise na nossa história e dois dos principais responsáveis pela crise estimulam a polarização vulgar personalista e orienta", discursou Ciro durante a Convenção Nacional do PDT. "[A polarização] não produz diagnósticos para nossos problemas. Os dois disputam entre si quem é o mais corrupto, quem é o mais autoritário, o mais fascista, o mais comunista", completou.
Para o candidato, o vazio de propostas e o "deserto de debates" promovido por Lula e Bolsonaro criam o ambiente propício para ameaçar a democracia e para que "o caos possa tomar conta desse país".
Em discurso, Ciro ainda fez fortes ataques a Bolsonaro e às ações recentes do chefe do Executivo. "Usar e emporcalhar [o Palácio do Planalto] são os melhores verbos para definir o seu método de permanência. Ele é um grande preguiçoso, não trabalha, não pensa, não executa".
O pedetista não poupou criticas ao ex-aliado Lula, e disse que o PT já teve oportunidade de governar. "Foram 14 anos de oportunidade que a população deu ao PT. Aí está o legado. Qual é o milagre que eles podem conseguir fazer em quatro anos que não fizeram em 14 anos?", questionou.
Ciro é o primeiro a confirmar a candidatura ao Planalto, no primeiro dia da janela para convenções partidárias, que vai até o dia 5 de agosto. A candidatura foi lançada com o slogan "Prefiro Ciro".
"Sem nenhum voto contrário, por unanimidade da convenção, Ciro Gomes candidato a presidente da República pelo PDT", disse o presidente nacional do partido, Carlos Lupi, após a votação. O evento foi realizado na sede do PDT, em Brasília.
Até o momento, não há nome indicado para a vaga de vice. O partido deve aguardar até o dia 5 de agosto, que marca o final do prazo, para decidir. O cenário mais provável, no momento, é uma chapa puro-sangue. Ciro já declarou que pretende ter uma mulher como vice. A mais cotada até o momento é a ex-reitora da Universidade de São Paulo (USP) Suely Vilela.
Participaram também do evento os nomes do partido que tentam se eleger para cargos de governadores, como a senadora Leila Barros (DF), Roberto Cláudio (CE), Rodrigo Neves (RJ), Carol Braz (PR), Elvis Cezar (SP), entre outros líderes do partido, pré-candidatos e militantes.
A convenção também definiu as normas internas para as eleições, que inclui, por exemplo, a divisão da parcela do Fundo Eleitoral à qual a legenda tem acesso. Segundo Lupo, o PDT tem 1.392 candidatos neste ano nos âmbitos estadual e federal. O partido tem direito a aproximadamente R$ 260 milhões do fundo, o que equivale a 5,07% do valor total destinado às legendas.
"Temos a possibilidade de fazer o melhor resultado da história do PDT" disse ainda Lupi, que conduziu a convenção. "Este partido não será puxadinho de ninguém. [...] Este partido não se curva a nenhum interesse que não seja o do povo brasileiro", completou.
Após a reunião, que foi transmitida, Lupi discursou em palco montado na área aberta dentro da sede. "Ali do lado, no Palácio do Planalto, tem um homem que está roubando a esperança do povo brasileiro. Quer criar a mentalidade da discriminação, da raiva, do ódio", disse o presidente da legenda.
Também discursaram, antes de Ciro, alguns pré-candidatos a governos estaduais. "Há 30 anos o PDT governa Niterói. E não é à toa que Niterói é a melhor cidade em qualidade de vida do estado do Rio de Janeiro", disse Rodrigo Neves.
'Eu sabia que Brasília ia dar o exemplo, que a garantia do lançamento teria que ser aqui, como está sendo", disse a senadora Leila Barros.
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