Com direito a um Power Point, o presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniu na tarde desta segunda-feira (18/7) com embaixadores no Palácio da Alvorada. A intenção, segundo o presidente, foi a de mostrar a “realidade” das eleições de 2014 e 2018. O chefe do Executivo tem feito reiterados ataques às urnas eletrônicas, afirmando que houve fraude. A informação não é verdadeira, e inclusive já foi desmentida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Bolsonaro iniciou a apresentação relatando a facada recebida na pré-campanha de 2018. “Fui presidente gastando menos de R$ 1 mi de dólares e dentro de um leito de hospital após sofrer um atentado e uma facada de um elemento de esquerda cujo inquérito não foi concluído apesar dos enormes indícios de interesses outros se fazerem presentes. Mas essa é uma questão interna nossa. Gostaria de ver esse inquérito concluído para chegar nos mandantes da tentativa de homicídio”, alegou.
Por duas vezes em investigações, a Polícia Federal concluiu que Adélio Bispo, preso no mesmo dia, agiu sozinho e que não houve mandantes no crime.
O presidente prosseguiu na investida contra o processo eleitoral afirmando querer “eleições limpas”. “O que eu mais quero para o meu Brasil é que a sua liberdade continue a valer também depois das eleições. O que eu mais quero por ocasião das eleições é a transparência. Nós queremos que o ganhador seja aquele que realmente seja votado. Nós temos um sistema eleitoral que apenas dois países do mundo usam”, alegou.
“Queremos eleições limpas, transparentes, onde o eleito realmente reflita a vontade da sua população”. Bolsonaro então citou o inquérito aberto pela Polícia Federal em 2018, na Superintendência Regional do Distrito Federal, após ser acionada pelo TSE. A motivação foi a suposta invasão de um hacker ao Sistema Gerenciador de Dados, Aplicativos e Interface com a Urna Eletrônica (GEDAI-UE) — aplicativo que permite a instalação na urna das listas com os nomes e dados dos candidatos, junto com o software do sistema de votação, além de registrar a presença dos eleitores —, e ainda o acesso a documentos sigilosos do Tribunal Superior Eleitoral. O inquérito mostra que foram adotadas várias diligências diferentes pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal para a investigação do caso, mas não há conclusão ou suspeita de que as urnas eletrônicas tenham sido comprometidas. Desde o início do voto eletrônico no Brasil, em 1996, nenhum caso de fraude foi identificado e comprovado.
“Quero me basear exclusivamente no inquérito da PF que foi aberto após o segundo turno das eleições de 2018, onde um hacker falou que tinha havido fraude por ocasião das eleições. Falou que ele e o grupo dele tinham invadido o TSE”.
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“Tudo começa na denúncia onde o hacker diz claramente que ele teve acesso a tudo no TSE. Disse que obteve acesso aos milhares de código fontes que teve acesso a senha de um ministro do TSE, bem como de outras autoridades. Várias senhas ele conseguiu. E a senhora Rosa Weber fez com que o inquérito fosse instalado”, prosseguiu.
Bolsonaro relatou, que, segundo o TSE, os hackers ficaram por oito meses dentro dos computadores. “O invasor teve acesso a toda a documentação do TSE, toda base de dados por 8 meses. É uma coisa que, com todo respeito, eu sou o presidente do Brasil e fico envergonhado de falar isso daí”.
Em outra alegação sem provas, disse que dezenas de vídeos das eleições de 2018 mostram que o eleitor “ia votar em 17 do Bolsonaro e não conseguia votar. Ia apertar o 7 não conseguia. Aparecia o 3”, emendou em referência ao 13 de Lula.
Bolsonaro então repetiu críticas a ministros do TSE e do STF, afirmando que Barroso e Fachin “começaram a andar pelo mundo atacando-o” e que Fachin foi o responsável por “soltar Lula”.
“Quando se fala em eleições, vem à nossa cabeça transparência. E o senhor Barroso (Luís Roberto Barroso, ex-presidente do TSE) , também como senhor Edson Fachin (presidente do TSE), começaram a andar pelo mundo me criticando, como se eu estivesse preparando um golpe. É exatamente o contrário o que está acontecendo”, disse.
“Não é o TSE que conta os votos, é uma empresa terceirizada. Acho que nem precisava continuar essa explanação aqui. Nós queremos obviamente, estamos lutando para apresentar uma saída para isso tudo. Nós queremos confiança e transparência no sistema eleitoral brasileiro”.
O presidente também criticou o ex-presidente Lula e apontou que “pessoas que devem favores a ele não querem um sistema eleitoral transparente”.
“Sou muito bem recebido em qualquer lugar, ando no meio do povo. O outro lado não, sequer toma café ou almoça no restaurante do hotel, come no seu quarto, porque não tem aceitação. Agora, pessoas que devem favores a ele não querem um sistema eleitoral transparente. Pregam o tempo todo que imediatamente após anunciar o resultado das eleições os respectivos chefes de estado dos senhores devem reconhecer imediatamente o resultado das eleições”.
Bolsonaro também voltou a reiterar sua reclamação sobre a participação das Forças Armadas nas eleições, afirmando que a corporação foi convidada e não participará apenas para dar “ares de credibilidade” ao pleito.
E questionou: “Porque um grupo de apenas 3 pessoas querem trazer instabilidade para o nosso país e não aceitam nada as sugestões das Forças Armadas?”.
Após o final da apresentação de Bolsonaro, alguns dos embaixadores presentes foram embora sem falar com o presidente.
Participaram da reunião o chanceler Carlos França, os ministros Paulo Sérgio Oliveira (Defesa), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Ciro Nogueira (Casa Civil), além do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e cotado a vice na chapa da reeleição.
Após o encontro, a Secretaria Especial de Comunicação Social divulgou uma nota apontando que Bolsonaro "sublinhou aos titulares e representantes diplomáticos presentes seu desejo de aprimorar os padrões de transparência e segurança do processo eleitoral brasileiro. Enfatizou que a prioridade é assegurar que prevaleça, de modo inquestionável, a vontade do povo brasileiro nas eleições que se realizarão em 2 de outubro próximo".
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