A Procuradoria-Geral da República (PGR) rejeitou os pedidos para que o presidente Jair Bolsonaro seja investigado por uma suposta interferência na operação da Polícia Federal que prendeu o ex-ministro Milton Ribeiro, por suposta esquema de corrupção no Ministério da Educação. Na manifestação, a vice-PGR, Lindôra Araujo, argumentou que já está em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF) um inquérito com o mesmo teor.
"Considerando que os fatos ora representados já estão, em tese, abrangidos por inquérito policial que foi declinado ao Supremo Tribunal Federal por suposto envolvimento de pessoa com prerrogativa de foro, não se justifica, a princípio, deflagrar mais um procedimento investigativo com idêntico escopo, sob pena de se incorrer em litispendência", escreveu.
O Supremo remeteu o caso para a PGR, que poderia pedir a abertura do inquérito contra o presidente. Ao total, foram protocoladas quatro solicitações para que a procuradoria se pronunciasse a respeito das supostas interferências de Bolsonaro nos trabalhos da PF.
Milton Ribeiro foi preso em uma operação da PF, de 22 de junho, por um suposto envolvimento em esquema para liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Em áudios, o ex-chefe do MEC afirmou priorizar pastores aliados e citou que o favorecimento era um pedido expresso do presidente da República.
Em outra gravação, ele relata à própria filha que foi avisado por Bolsonaro sobre a busca e a apreensão de que seria alvo. Segundo ele, o presidente disse ter tido um "pressentimento" do que ocorreria.
Outra suspeita de interferência também cai sobre Bolsonaro. O delegado federal Bruno Calandrini, que comandou a operação, disse que a corporação teria dado tratamento diferenciado a Ribeiro. Ele também reclamou do fato de o ex-ministro não ter sido transferido de Santos, litoral paulista, para Brasília, como determinava o mandado de prisão.
Ribeiro foi solto um dia após a detenção, por decisão do desembargador Ney Bello, do TRF-1. Também foi revogada a prisão preventiva dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, suspeitos de comandar o suposto esquema no MEC.
Ontem, nas redes sociais, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que Calandrini foi intimado a depor em uma sindicância aberta pela corporação. "Recebemos a notícia que o dr. Bruno Calandrini, delegado responsável pela operação que prendeu Milton Ribeiro e os bandidos que roubaram o MEC, foi intimado para depor em uma sindicância que foi aberta pela Polícia Federal", escreveu.
O Correio entrou em contato com a PF para comentar a informação divulgada por Randolfe Rodrigues, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. (LP)
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