Lisboa, Portugal — Em uma defesa enfática da democracia, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse que não há qualquer possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro dar um golpe, recorrendo a instrumentos autoritários para se manter no poder, caso derrotado nas eleições de outubro próximo. “O Senado será um centro de resistência a qualquer movimento contra o resultado das eleições”, disse. “Não há hipótese de retrocesso na democracia, de modo que vamos ter o resultado eleitoral, o qual for ele, respeitado pelas instituições e pela sociedade”, afirmou.
Pacheco, que participou do seminário Brasil-Portugal: perspectivas de futuro, cujo tema central do painel foi a democracia, assinalou que esse sistema está assimilado pela sociedade brasileira. “As instituições funcionam no Brasil. Então, falo pelo Congresso Nacional, pelo Senado. Democracia é a maior conquista da sociedade brasileira. Há uma geração que sofreu muito para conquistá-la. É obrigação da minha geração manter a democracia no nosso país”, ressaltou.
Bolsonaro, que aparece 19 pontos percentuais atrás do petista Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas de intenção de votos, segundo o Datafolha (47% a 28%), tem dados sinais claros de que pode não respeitar os resultados das urnas. Não por acaso, tem puxado as Forças Armadas para o centro dos debates políticos, inclusive na estratégia de desqualificar o sistema eletrônico de votação no Brasil, que, desde que foi implantado, nunca apresentou qualquer sinal de fraudes, ao contrário das falcatruas constantes no voto impresso.
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No entender do presidente do Senado, é inaceitável que se tente tirar a credibilidade das urnas eletrônicas, que sempre foram motivo de orgulho para o Brasil. “Qualquer iniciativa, o mínimo de arroubo ou bravata contra a democracia, contra o estado democrático de direito, merecerá uma pronta reação da presidência do Senado e do Senado como um todo, porque é inadmissível se pensar em algo diferente da democracia”, frisou.
Amazônia
O senador destacou ainda que a mesma base de resistência no Senado valerá para barrar projetos que tenham por objetivo facilitar a devastação de Amazônia. Um dos projetos que está tramitando na Câmara dos Deputados prevê a mineração em terras indígenas, e tem apoio do Palácio do Planalto. “O Senado tem a maturidade para entender o que é bom para o país. Toda iniciativa, toda proposta e toda abordagem que sejam contrárias aos interesses nacionais, que vão de encontro ao que a comunidade internacional definiu como algo que precisa ser feito, como a preservação do meio ambiente, naturalmente terão o Senado como uma frente importante de resistência”, disse.