Sara Giromini, anteriormente conhecida como Sara Winter, fez uma retratação pública, na noite da última quarta-feira (8/6), pelas ofensas proferidas contra a professora da Universidade de Brasília (UnB), Débora Diniz. Ela também culpou a ex-ministra Damares e lamentou ter confiado em informações falsas.
O caso ocorreu em 2020, quando uma criança de dez anos teve garantido o direito a um aborto legal após ter sido vítima de um estupro por parte do tio.
Na data, a ex-ativista de direta revelou o primeiro nome da criança — contrariando o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A atitude foi duramente criticada por Débora e, em resposta, Sara chamou a professora de "a maior abortista brasileira", além de acusá-la de ser defensora da prática de tortura.
No texto publicado no Instagram, Sara se retrata pelas falas contra a professora e por ter desejado a tortura da criança de 10 anos que sofreu o estupro. "Entendo, hoje, que ninguém deve ser atacado por participar do diálogo democrático de forma legítima e respeitosa, como o fez Debora na defesa dos direitos humanos de uma menina vítima de violência, à qual reagi de forma leviana, atacando a honra da professora", falou ela.
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Ao final da retratação, a ex-ativista culpou a ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, e lamentou ter sido influenciada por fatos mentirosos.
"Entendo que sou responsável pelos meus próprios atos e poderia ter apurado a veracidade de uma montagem falsa que atribuía à Debora Diniz o crime de ter divulgado a identidade da menina em um artigo de jornal, o que jamais aconteceu. Contudo, confiei na integridade da Ministra e me deixei levar pelas instigações para que reagisse à conduta falsamente atribuída à professora", disse ela em um trecho. Até a última atualização desta reportagem, Damares não havia comentado o depoimento de Sara.
Nesta quinta-feira, Sara editou o texto da publicação e retirou o trecho que citava a ex-ministra do governo Jair Bolsonaro (PL). (Leia o primeiro texto publicado na íntegra ao final da matéria).
Sara ficou conhecida, principalmente, por ter sido uma das líderes do movimento 300 pelo Brasil, formado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). Em 2020, ela foi presa suspeita de envolvimento em atos antidemocráticos e se tornou alvo do inquérito das fakes news, no Supremo Tribunal Federal (STF), que apura ameaças, ofensas e informações falsas contra os ministros da suprema Corte.
Desde então, Sara se afastou do bolsonarismo e passou a usar o sobrenome do marido nas redes sociais, Hoff. Em maio deste ano, ela declarou que não vai apoiar nenhum candidato nas eleições de outubro.
Confira a íntegra da retratação:
"Por meio desta mensagem, me retrato publicamente das ofensas e acusações que fiz à Professora Debora Diniz, a qual, de maneira infundada e falsa, acusei de ser ‘a maior abortista do Brasil’, bem como de ter desejado a tortura de uma criança de 10 anos elegível ao aborto legal, fatos que não correspondem à verdade.
Reconheço que Debora Diniz é uma pessoa honrada e íntegra, além de pesquisadora de renome nacional e internacional nas áreas de bioética, direitos humanos e saúde, cujo trabalho sempre possuiu sério compromisso com os direitos sexuais e reprodutivos de mulheres e meninas.
Compreendi que os atos que cometi contribuíram para novos ataques contra a Debora Diniz, a qual, lamentavelmente, vem sendo alvo de diversas ameaças desde 2018, apenas por exercer seu direito à liberdade de expressão na defesa dos direitos sexuais e reprodutivos. Entendo, hoje, que ninguém deve ser atacado por participar do diálogo democrático de forma legítima e respeitosa, como o fez Debora na defesa dos direitos humanos de uma menina vítima de violência, à qual reagi de forma leviana, atacando a honra da professora.
Lamento ter me deixado influenciar por fatos mentirosos compartilhados comigo pela à época Ministra encarregada pela pasta responsável pelo programa de proteção a defensora e defensores de direitos humanos, Damares Regina Alves.
Entendo que sou responsável pelos meus próprios atos e poderia ter apurado a veracidade de uma montagem falsa que atribuía à Debora Diniz o crime de ter divulgado a identidade da menina em um artigo de jornal, o que jamais aconteceu. Contudo, confiei na integridade da Ministra e me deixei levar pelas instigações para que reagisse à conduta falsamente atribuída à professora.
Por essa razão, as acusações por mim feitas, e fundadas em desacordos morais, não são verdadeiras e violaram a honra, imagem e reputação de Debora Diniz, pelo que me retrato publicamente".