Eleições

XP altera periodicidade de pesquisas; bolsonaristas atacaram último levantamento

Um dos pontos criticados por bolsonaristas na última amostra foi uma das perguntas feitas pela pesquisa, em que os entrevistados atribuíram características para os pré-candidatos. 35% dos entrevistados atrelaram a "honestidade" ao petista, ante 30% que atribuíram o termo a Bolsonaro

A XP Investimentos alterou a periodicidade das pesquisas de intenções de voto divulgadas semanalmente pelo Ipespe. O registro do levantamento que seria divulgado nesta sexta-feira, 10, foi cancelado, apurou o Estadão. Na última semana, grupos bolsonaristas pressionaram a corretora nas redes sociais contra o resultado da última amostra, que mostrava o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com um índice maior de eleitores que atribuíram a ele a característica de "honestidade".

Segundo apurou o Estadão, a pesquisa que teve o registro cancelado já estava em vias de ser divulgada. A informação foi adiantada nesta quarta-feira, 8, pela colunista Mônica Bergamo, e confirmada pelo Estadão.

Em nota, a XP negou que vá interromper a divulgação de pesquisas de intenção de voto e que contrata "diversos tipos de pesquisas de diferentes institutos com o intuito de auxiliar seus clientes a tomarem as melhores decisões sobre investimento". A empresa alegou que os resultados serão agora divulgados mensalmente, com maior número de pessoas entrevistadas. "(...) Oferecendo dessa maneira uma ferramenta ainda mais ampla para que os investidores compreendam o cenário eleitoral e seus impactos no mercado", escreveu.

Na levantamento mais recente, Lula apareceu com 45% das intenções de voto e Bolsonaro, 34%, em um cenário de estabilidade. O resultado é similar a amostras de outras pesquisas.

Um dos pontos criticados por bolsonaristas na última amostra foi uma das perguntas feitas pela pesquisa, em que os entrevistados atribuíram características para os pré-candidatos. 35% dos entrevistados atrelaram a "honestidade" ao petista, ante 30% que atribuíram o termo a Bolsonaro.

O resultado foi criticado por bolsonaristas nas redes sociais. O senador Flávio Bolsonaro (PL), por exemplo, atacou a pesquisa em um grupo no Telegram. No Twitter, deputado federal Bibo Nunes (PL-RS) disse que a amostra sobre a honestidade dos pré-candidatos seria "o mesmo que dizer que o Diabo é mais honesto que Jesus".

Já o deputado estadual Márcio Gualberto, do PL do Rio de Janeiro, publicou que a pesquisa da XP/Ipespe é "uma das maiores fraudes de todos os tempos" e que teria perdido a credibilidade.

Em outras publicações, usuários disseram que a XP/Ipespe "destruiu a marca em um dia". Uma das publicações acusou não ser coincidência que a pesquisa tenha saído pouco mais de um mês depois do fundador da XP, Guilherme Benchimol, se encontrar com Lula. A tese foi respondida pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) com o comentário "dispensa mais explicações".

Questionada, a XP não respondeu se manterá contrato com o Ipespe para as próximas pesquisas no novo formato.

As pesquisas do Ipespe costumam realizar amostra nacional com mil entrevistados, de 16 anos e mais, de todas as regiões do País; com cotas de sexo, idade e localidade; e controle de instrução, renda e recall do voto presidencial 2018. As entrevistas são telefônicas e a margem de erro estimada é de 3.2 pontos porcentuais para mais ou para menos, com um intervalo de confiança de 95,5%.