O ex-presidente Michel Temer (MDB) desmentiu o presidente Jair Bolsonaro (PL), nesta terça-feira (7/6). O chefe do Executivo afirmou em entrevista pela manhã que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes “não cumpriu uma só das coisas acertadas naquele momento para assinar aquela carta”. Segundo Bolsonaro, houve condições impostas a Moraes para a assinatura do documento escrito com a ajuda de Temer, que ajudou a acalmar o embate na ocasião.
Em nota, o emedebista disse que “não houve condicionantes e nem deveria haver” pois tratava-se de “um gesto conjunto de boa vontade e grandeza entre dois Poderes do Estado brasileiro”. Temer emendou que “mais do que nunca, o momento é de prudência, responsabilidade, harmonia e paz”.
“'Em relação à declaração de hoje do Senhor presidente da República sobre a assinatura da carta de 9 de setembro, tenho o dever de esclarecer que fui a Brasília naquela oportunidade com o objetivo de ajudar a pacificar o país e restabelecer o imperativo constitucional da harmonia entre os Poderes. As conversas se desenvolveram em alto nível como cabia a uma pauta de defesa da democracia. Não houve condicionantes e nem deveria haver pois tratávamos ali de fazer um gesto conjunto de boa vontade e grandeza entre dois Poderes do Estado brasileiro. Mais do que nunca, o momento é de prudência, responsabilidade, harmonia e paz”.
Em entrevista, Bolsonaro disse que, na época, o combinado foi “diminuir a pressão” em relação a bolsonaristas.
“Estava eu, Michel Temer e um telefone celular na minha frente. Ligamos para o Alexandre de Moraes e conversamos por três vezes com ele. E combinamos certas coisas para assinar aquela carta. Logicamente não gravei essa conversa por questão de ética. O senhor Alexandre de Moraes não cumpriu uma só das coisas que acertamos naquele momento para assinar aquela carta.”, relatou.
O presidente então citou perseguição contra o deputado Fernando Francischini (União Brasil-PR) e disse que, sem embasamento, cassaram seu mandato.
“Combinamos para diminuir a pressão nessa perseguição que ele faz até hoje em cima de pessoas que me apoiam, como em cima do deputado Francischini, que de forma sem justificativa cassaram o mandato dele”. Bolsonaro também disse que a opinião dele é “exatamente igual” ao do parlamentar a respeito das urnas no último pleito.
O parlamentar foi cassado em outubro pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por divulgar notícias falsas sobre as urnas eletrônicas nas eleições de 2018. Hoje, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça pediu vista e suspendeu o julgamento que poderia derrubar a decisão dada pelo colega Kassio Nunes Marques para restabelecer o mandado do parlamentar.