O ex-governador Ciro Gomes (PDT) enfatizou, na terça-feira (31/5), que "não há força humana capaz de abalar" a candidatura dele à Presidência da República — descrita por ele como uma "decisão de dar ao povo uma alternativa". O postulante ao Planalto, terceiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, tem sido pressionado, tanto por concorrentes quanto por integrantes do próprio partido, a desistir da corrida eleitoral. Na semana passada, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, chegou a dizer que Ciro deveria renunciar à candidatura para tentar viabilizar a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno. Mesmo o presidente do PDT, Carlos Lupi, admitiu que, nos estados, há pré-candidatos do partido que vão respaldar o petista e que não haverá "punição aos infiéis".
Na opinião de Ciro, Lula e o presidente Jair Bolsonaro (PL) — líder e vice-líder, respectivamente, das pesquisas de intenção de voto — oferecem "mais do mesmo". "Só que mais do mesmo fez com que o país fosse liquidado do ponto de vista social e econômico", acrescentou, durante a sabatina do Correio.
Conforme destacou o pedetista, logo após o pleito, o presidente eleito tem "seis meses mágicos", em que pode fazer "tudo o que quiser" — período que poderia ter sido mais bem aproveitado por ex-chefes do Executivo. "Todos nós conhecemos como opera um presidencialismo à brasileira. Há ali seis meses mágicos, em que o presidente da República, depois de ser eleito, tem o país na mão. O Congresso é extremamente generoso em agasalhar absolutamente tudo que o presidente queira fazer. Relembremos: FHC (Fernando Henrique Cardos), com o real, tinha o país na mão para fazer o que bem quisesse e entendesse. Não propôs nada naquele primeiro ano de mandato, trocou a reforma do país pela reeleição", criticou.
Ciro disse que o fato se repetiu com Lula. "Chegou a frequentar 85% de popularidade, mas não teve concepção, não propôs absolutamente nada. Nem FHC, nem Lula, nem Dilma (Rousseff): nenhum propôs nenhuma reforma estrutural para o país", frisou. O ex-ministro da Fazenda afirmou que, caso eleito, aproveitará o que chamou de "momento plebiscitário" para negociar e aprovar projetos.
O pré-candidato negou que as observações sejam ataques a uma ou outra figura. "Estou mostrando que a governança política de Jair Bolsonaro, Lula e FHC são rigorosamente as mesmas", ressaltou. De acordo com ele, embora os líderes das pesquisas sejam pessoas diferentes ideologicamente, "estão cada vez mais iguais". "Gabinete do ódio, comportamento fascista, roubalheira, corrupção. Tudo isso, infelizmente, é um traço comum de Bolsonaro e de Lula. Claro, Lula está no campo da democracia, Bolsonaro está no campo da não democracia. Isso faz uma diferença importante, mas, no resto, é tudo igual", sustentou.
O concorrente ao Planalto criticou a "omissão indesculpável" do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação à privatização da Eletrobras. Ambas as instituições teriam descoberto "um caminho absolutamente tortuoso para entregar o capital público brasileiro para interesses privados".
O pré-candidato disse que, caso seja eleito, mudará a maneira de calcular a tarifa de energia, que hoje é feita baseada no dólar. Essa seria "outra mamata" a que ele daria fim. "Vão fazer o diabo para não deixar eu chegar lá (...), por isso é que eu vou até o fim: porque eu tenho segurança de que o povo brasileiro vai acordar e vai ver o tamanho da canalhice de que é vítima nestes tempos trágicos que o Brasil está vivenciando", ressaltou. "Se fizerem isso (privatizarem a Eletrobras), eu tomo de volta, não tem conversa. Pagarei as devidas indenizações, porque nosso país é sério", pontuou.
Ciro frisou que haverá aumento da conta de luz caso ocorra a privatização. "É um crime que meteram jabutis ali que vão encarecer dramaticamente a conta de energia do povo, que, só aqui em Fortaleza, subiu 25% em uma pancada só, sendo que nenhum dos custos da produção de energia brasileira cresceu sequer 5%", afirmou. "Canalhamente — lá vai a veemência de Ciro Gomes —, indexaram as tarifas de energia do povo brasileiro em dólar. E todo mundo aqui ganha em real", criticou.