O presidente Jair Bolsonaro (PL) participou, ontem, pela primeira vez, de um evento pré-eleitoral com a presença de outros postulantes à sua sucessão. Convidado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para ser sabatinado, não apresentou propostas para um eventual segundo governo, não comentou o episódio de assédio sexual envolvendo Pedro Guimarães, ex-presidente da Caixa, nem tratou das acusações de corrupção que pesam sobre o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro. Preferiu apostar na disseminação do medo de uma possível vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — que lidera as pesquisas de intenção de voto na corrida presidencial e não participou do evento.
Segundo Bolsonaro, o Brasil está diante da "ameaça de mudar de cor", em referência ao vermelho da bandeira do PT. Ele voltou a afirmar que o país pode se tornar uma Venezuela com a volta de Lula à Presidência e acusou o ex-presidente de querer interferir na política de preços da Petrobras.
"Vemos que um lado defende voltar a ter relações com Cuba, ao BNDES voltar a emprestar para outros países, ditaduras. O outro lado acha que deve haver interferência direta na Petrobras, no preço dos combustíveis. Tivemos cuidado com privatizações outras de modo que não coloquem em risco o Brasil", disse, desconsiderando que ele forçou a troca de três presidentes na petroleira nos últimos três meses.
Bolsonaro não apresentou qualquer proposta para um possível segundo mandato, exceto a recriação do Ministério da Indústria e Comércio, que será entregue, segundo ele, aos representantes do setor. Por quase uma hora, o presidente preferiu mencionar medidas que o governo adotou nos últimos três anos na área econômica.
Em nenhum momento Bolsonaro fez referência ao escândalo de assédio sexual envolvendo Pedro Guimarães, que até esteve cotado para ser vice na chapa da reeleição e tinha proximidade com o presidente. O tema, porém, não passou despercebido pelos outros dois pré-candidatos que participaram da sabatina, Simone Tebet e Ciro Gomes.
Ajuste
Depois de afirmar em várias oportunidades que não há corrupção no governo, Bolsonaro disse, ontem, que "não tem corrupção endêmica no governo", mas "casos isolados que pipocam e a gente busca solução para isso". Não se referiu a nenhum episódio, embora o mais recente seja o do gabinete paralelo de pastores no MEC. Afirmou que "não interessa descobrir o corrupto", mas "evitar que apareça a figura do corrupto", em referência ao trabalho da Polícia Federal, da Controladoria-Geral da União e do Tribunal de Contas da União.
"Combatemos, de fato, a corrupção. As estatais davam prejuízo, hoje dão lucro", comparou.
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