Mourão avaliza Braga como vice

Correio Braziliense
postado em 28/06/2022 00:01

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) considera que a a escolha do general Walter Braga Netto por Jair Bolsonaro (PL) para ser vice na chapa à reeleição, é porque o presidente gosta do trabalho do ex-ministro da Defesa. Disse, ainda, que não ficou aborrecido com a indicação do ex-colega de Exército.

"Não me sinto chateado. O presidente tem o livre arbítrio de escolher quem ele acha mais apropriado para o projeto de reeleição. E o Braga Netto vai agregar aí aquilo que ele acha que necessita", apontou a jornalistas na chegada ao Palácio do Planalto. Mourão deve se candidatar pelo Rio Grande do Sul à vaga em disputa no Senado.

Para o vice-presidente, a escolha de outro general para ocupar o posto de vice não tem a ver com uma tentativa de Bolsonaro de conseguir o apoio dos militares. Isso porque, segundo Mourão, o presidente já teria uma base consolidada nas Forças Armadas.

"Dentro do grupo militar, o presidente já tem a base dele bem estabelecida. Mas o Braga Netto é, vamos dizer assim, uma questão que o presidente gosta do trabalho dele", acrescentou.

Mourão, porém, se furtou a comentar se a decisão do presidente significava a derrota do Centrão, que tentava emplacar no posto o nome da ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (União-MS). "Não sei se havia essa pressão, realmente, para que fosse outra pessoa candidata a vice. Não posso dizer isso", esquivou-se.

Os vários embates entre Mourão e Bolsonaro fizeram com que os dois se afastassem e o general fosse descartado, há tempos, como parceiro de chapa do presidente — que, em novembro de 2021, chegou a compará-lo a um cunhado.

"O Mourão é um vice... Todo mundo fala do vice. Vice bom é aquele que fica quietinho num canto. O Mourão tem vida própria. Fala, dá suas opiniões. De vez em quando atrapalha, às vezes acerta. Estamos convivendo, sem outros problemas mais graves. É como eu e meu cunhado", comparou Bolsonaro.

Aceno à base

Ao reafirmar a escolha de Braga Netto, Bolsonaro acena ao apoio dos militares e, ao mesmo tempo, à base eleitoral. Porém, de acordo com fontes do governo e do Congresso, dificulta a saída da bolha bolsonarista e reforça a imagem de radical. O anúncio oficial do general como parceiro de chapa deve ocorrer nesta semana.

O Centrão, porém, não ficou satisfeito com a confirmação de Braga Netto, mas já tinha sido avisado de que a escolha do nome do vice seria exclusivamente do presidente, sem negociações. O general tem sido um fiel aliado de Bolsonaro, atuando em favor da radicalização do discurso contra as eleições e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Ainda ministro da Defesa, na ordem do dia do 31 de março passado — véspera do golpe militar de 1964 —, Braga Neto deixou claro seu alinhamento com Bolsonaro. Disse que a ruptura democrática foi um "marco histórico da evolução política brasileira" e serviu para "restabelecer a ordem e para impedir que um regime totalitário fosse implantado no Brasil".

Mas a colocação de Braga Netto na vida serve como antídoto para um eventual processo de impeachment, caso Bolsonaro seja reeleito. De acordo com avaliações de bastidores, se tivesse um vice ligado à classe política — em especial ao Centrão — poderia ser um elo fraco numa corrente de pressão da base no Congresso para retirá-lo do poder.

"Por isso, a reação à Tereza Cristina, que é um ótimo nome, mas não tem a confiança do presidente", disse uma fonte com trânsito no Palácio do Planalto. Segundo ela, se Bolsonaro fosse convencido a convidar uma mulher para compor a chapa, seria Damares Alves, ex-ministra de Mulher, Família e Direitos Humanos — preenche o critério da lealdade e dificilmente articularia politicamente para ocupar o cargo de presidente, em caso de impeachment. Mas ela prefere tentar reforçar a base bolsonarista no Congresso.

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