Entrevista

"A esquerda não pode voltar", diz Damares Alves

Ex-ministra afirma que reúne melhores condições do que Flávia Arruda para ocupar a única vaga aberta para a Casa legislativa. Diz não acreditar nas pesquisas de intenção de voto e se junta ao presidente nas críticas aos integrantes do STF

Denise Rothenburg
João Gabriel Freitas*
postado em 09/06/2022 05:57 / atualizado em 09/06/2022 05:58
 (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

A ex-ministra Damares Alves (Republicanos-DF) está convencida de que disputará a única vaga para senador que será aberta nas eleições de outubro. Em entrevista ao CB.Poder, ela diz que aguardará as convenções partidárias, em julho, para ser a escolhida do grupo bolsonarista a concorrer à Casa Legislativa. Damares mantém-se defensora fiel do presidente Bolsonaro e afirma que é preciso, sim, questionar a Corte Suprema. "Não vamos pregar ódio, vamos pregar coerência".

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista ao programa, uma parceria do Correio e da TV Brasília.

Quem vai ser a candidata ao Senado?

Eu sou pré-candidata, isso é certeza. Também é certeza que sou a melhor proposta para o DF, porque trago o novo, o diferencial na política. O DF não vai eleger uma senadora, mas uma causa. Que causas? Temos números absurdos de violência contra crianças, a criança não tem uma voz no Senado. Tem comissão de tudo, mas não tem da infância?

A sua pré-candidatura e a de Flávia Arruda não dividem o grupo bolsonarista?

Somos do mesmo projeto. Antes de tudo, somos amigas. Tenho o maior carinho e respeito por ela. Somos uma proposta conservadora para o DF, mas vamos analisar os números das pesquisas. Se ficar comprovado, e vai se comprovar, que tenho chance de ser eleita, a liderança política local conservadora, que não é ingênua, é inteligente, vai apostar na que tem mais potencial. Até a convenção, no fim de julho, a gente resolve isso. Até lá, tenho pré-candidatura para mostrar que minha candidatura é viável.

A ideia é apoiar Ibaneis Rocha?

Meu partido não decidiu ainda, mas é aliado ao Ibaneis. Temos muita gente no governo dele. Tenho muito carinho por ele, foi meu parceiro enquanto fui ministra.

E se não for Ibaneis?

Há expectativa de José Roberto Arruda ficar elegível, meu partido já conversa com ele. Porém, meu alvo é minha candidatura. Não podemos deixar a esquerda voltar para o poder.

Se eleita, pretende disputar a Presidência do Senado?

Não entro numa briga para perder. Quero ser a escolhida da ala cristã. E tenho outro objetivo: ser a primeira mulher presidente do Senado. Quero que algumas reformas sejam de fato conduzidas naquela casa.

Quais seriam?

Vou começar pela consolidação das leis penais. Falta acordo ou coragem para enfrentar o crime organizado? Não dá mais do jeito que está. Vou fazer essa grande discussão sobre segurança pública e investimento na infância, a começar pelo Orçamento da União. É vergonhoso o que a gente tem para investimento na infância.

As pesquisas apontam Lula liderando. Como avalia?

Não acredito nas pesquisas. Meu termômetro é a rua. O assédio é muito grande, todo mundo quer abraçar, tirar uma foto e agradecer o que fizemos pelo Brasil. Sou prova de que o povo quer a continuidade. As pesquisas estão muito erradas. O governo vai continuar. E te digo uma coisa: ele (Bolsonaro) vai ser reeleito no primeiro turno.

O enfrentamento com os ministros do Supremo não pode deixar a população assustada em relação à reeleição do Presidente?

A pergunta deveria ser ao contrário: não é preocupante todo esse enfrentamento com o Bolsonaro? Tudo que tem feito nos últimos meses, a insegurança jurídica que esses ilustres estão criando? Meu presidente reage aos absurdos que o superior tribunal tem protagonizado nos últimos dias. Investidores não querem vir ao Brasil por insegurança jurídica, por falta da harmonia entre Poderes. Vamos ter que questionar, sim, a Suprema Corte. Não vamos pregar ódio, vamos pregar coerência. O presidente não tem um minuto de paz, e a Suprema Corte quer criar políticas públicas.

O Judiciário só age quando provocado.

É provocado, mas e as decisões extrapetistas? É preocupante o que a Suprema Corte tem feito com o presidente. Vamos precisar consertar isso. Os Poderes têm que trabalhar em harmonia e de forma coesa, se não a gente não avança.

Como estabelecer diálogo?

Depois do 7 de setembro, eles foram chamados para diálogo. Houve sinalização do lado de cá. E do lado de lá? E as decisões que começaram após essa possível conversa? Não foi o presidente que foi intransigente. Não adianta eles colocarem a culpa no presidente, o brasileiro está lendo, pelas redes sociais.

Defende o impeachment de ministros do STF?

Se os ministros estiverem extrapolando seus poderes, precisam sofrer impeachment. Sendo senadora, lutarei por isso. Um deputado, quando erra, é cassado; um senador é cassado; o presidente é "impeachmado". Por que os deuses do Supremo Tribunal não podem ser questionados?

O Brasil está preparado para liberar armas?

Sim. Enquanto estivermos com o crime organizado mandando no Brasil, o povo precisa se defender. Nunca compraria uma arma para mim, porque tenho medo de ter arma na mão. Sou impulsiva. Mas defendo o direito de as pessoas terem armas.

Não há o risco de virar uma guerra?

Mas já estamos em guerra. Por que quem tem que morrer é o cidadão de bem? Lamento dizer: estamos em guerra. À medida que liberamos armas para o povo, vamos rever as políticas de segurança pública de Norte a Sul.

*Estagiário sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza

 

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