Desconfiança sobre a vitória de Biden antes de ir aos EUA

Ingrid Soares
postado em 08/06/2022 00:01

Na véspera de viajar para os Estados Unidos, onde desembarca, hoje, em Los Angeles, para participar da 9ª Cúpula das Américas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a lançar dúvidas sobre a derrota de Donald Trump e a lisura do pleito americano. Apesar de estar agendada, para amanhã, uma reunião bilateral com Joe Biden, isso não impediu o brasileiro de insistir numa suposta fraude nas urnas.

"Quem diz é o povo americano. Eu não vou entrar em detalhes na soberania de outro país. Agora, o Trump estava muito bem. E muita coisa chegou, que a gente fica com o pé atrás. A gente não quer que aconteça isso no Brasil. Tem informações dos próprios brasileiros de que teve quem votasse mais de uma vez", disse, ontem, em entrevista ao SBT News.

Bolsonaro também justificou por que não aceitou um convite, feito anteriormente, para comparecer ao evento. Segundo ele, "não ia ser moldura de retrato para ninguém".

"Fomos convidados, eu falei que não ia. Mas, daí, veio um representante dele aqui e nós acertamos algumas coisas. Eu não ia ser moldura de retrato para ninguém. Tínhamos um bom relacionamento com o governo anterior, de Donald Trump. E quando Joe Biden assumiu, ele simplesmente congelou esse relacionamento. Não brigamos, continuamos fazendo comércio etc. Agora, é um evento que, sem o Brasil, é bastante esvaziado", afirmou.

Meio ambiente

O presidente não quis adiantar o que será tratado com Biden. Mas disse que caso o presidente americano entre na questão ambiental, "já sabe como proceder".

"Nenhum país do mundo tem moral para falar em preservação ambiental para o Brasil. Nós preservamos dois terços do nosso território. Se sobrevoar os EUA, não vai ver mata ciliar, o mesmo (acontece) na Europa. Eles têm a petulância de falar que devemos reflorestar. Quem tem que reflorestar são eles. É uma política de atacar o Brasil porque estão em jogo as commodities e o agronegócio", defendeu.

Bolsonaro acredita que entre os temas a serem tratados com Biden está a possível exploração de nióbio. "Conversei muita coisa com o Trump lá atrás. A questão da possível exploração de nióbio agregando valor para nós também. Vamos ver qual vai ser a dinâmica que ele vai dar para o lado de lá. Sabemos da estatura do Brasil e dos EUA, sabemos que a economia deles é dezenas de vezes maior do que a nossa, de seu potencial bélico nuclear, da influência deles no mundo", salientou.

Ele crê que Biden "não vai querer impor" sua visão sobre a Amazônia. "Ele não vai, no meu entender, querer impor algo sobre o que eu devo fazer na Amazônia. Não vai. Ele deve ter informações, me conhece. Conhece mais do que a mim, conhece a região. Nós não podemos relativizar a nossa soberania. Ninguém está interessado em girafa, nem em hipopótamo da Amazônia. O interesse é exatamente em outras coisas que tem lá. É uma região fantástica em biodiversidade, em recursos minerais", observou.

Antes da viagem para os EUA, Bolsonaro vai ao Rio de Janeiro, onde participará de um encontro com empresários.

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