Considerado um representante da esquerda brasileira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será a escolha de 23% dos eleitores que se identificam com a direita nas áreas econômica e de comportamento. O dado foi obtido por uma pesquisa do Instituto Datafolha, publicada neste sábado (4/6).
Segundo o levantamento, caso parecido ocorre com o presidente Jair Bolsonaro (PL). Dos entrevistados que afirmaram escolher o chefe do Executivo no pleito de outubro deste ano, 29% se identificam com os ideais da esquerda em pautas comportamentais e no liberalismo econômico.
Apesar das divergências, a maior taxa de apoio dos dois candidatos é de pessoas situadas no espectro político em que Lula e Bolsonaro assumem ser: 60% dos que preferem o petista são da esquerda — e 54% dos que escolhem o mandatário conservador se veem da direita.
O levantamento ouviu 2.556 pessoas com mais de 16 anos em 181 municípios de todo o país entre 25 e 26 de maio. Encomendada pelo jornal Folha de São Paulo, a pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número 05166/2022. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Para traçar o perfil ideológico dos respondentes, o Instituto fez uma escala de pontuação para cada resposta sobre temas que abrangem os dois espectros políticos, como drogas, criminalidade, obtenção de armas, migração, homossexualidade, papel do Estado, impostos e leis trabalhistas.
Após o cruzamento das pontuações, o cenário geral da pesquisa revelou um dado inédito: a maior parte dos brasileiros que irão eleger o próximo presidente da República se identifica com ideais da esquerda — são 49% dos entrevistados, o maior índice da série de pesquisas do Datafolha iniciada em 2013.
Além disso, os entusiastas conservadores diminuíram: apenas 34% se identificaram com as ideias desse espectro político, a menor taxa desde 2013. Outros 17% afirmaram ser de centro.
Entre os eleitores de Lula, 4% foram localizados na direita e 19% na centro-direita — o que totaliza 23%. Outros 18% estão no centro . Na esquerda, 23% se identificam mais, enquanto 36% estão na centro-esquerda — em um total de 59%.
Já a base de Bolsonaro é composta por 21% de pessoas à direita e 33% à centro-direita. No outro lado do espectro, 7% se identificam com os ideais de esquerda e 22% de centro-esquerda.
O terceiro colocado nos levantamentos de intenções de votos do Datafolha, Ciro Gomes (PDT) também teve o perfil do eleitorado traçado. Segundo a pesquisa, a base do pedetista é parecida com a de Lula: 5% se identificam como à direita do cenário político, um ponto a mais do que os eleitores do ex-presidente; 22% com a centro-direita, 16% com o centro; 33% com a centro-esquerda e 25% com a esquerda.
Eleitores de Bolsonaro e as pautas comportamentais
Entre comportamento e economia, os respondentes que escolhem Bolsonaro se identificam mais com os ideais de direita nas pautas comportamentais: 62% deles tem mais correspondência com a direita ao falar de sexualidade e criminalidade, do que ao falar de liberalismo econômico (33%).
Um exemplo é a visão sobre homossexualidade. Entre os apoiadores do chefe do Executivo, 24% acham que o amor e o relacionamento entre pessoas do mesmo gênero devem ser desencorajados, enquanto a média geral é de 16%. Ao passo que 79% dos respondentes afirmam que o tipo de relação deve ser aceita por toda a sociedade, o índice de aceitação cai entre bolsonaristas, com 67%.
Já em relação à intervenção do Estado na economia é apoiada por boa parte dos bolsonaristas, algo pouco imaginado pelo senso comum. A ideia de que é bom o governo atuar com força na economia para evitar abusos das empresas é endossada por 54% dos apoiadores de Bolsonaro, ante 50% da média geral.
As taxas são maiores até mesmo do que entre os eleitores de Lula. Os que escolhem o petista somam 49% de defesa da atuação mais vigorosa do governo na economia, quatro pontos percentuais a menos do que de bolsonaristas.
A maioria dos petistas também demonstraram uma opinião diferente da esquerda ao falar sobre criminalidade: 61% deles afirmam que adolescentes que cometem crimes devem ser punidos como adultos e não reeducados. A taxa é menor do que a dos eleitores de Bolsonaro, de 75%.
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