Diplomacia

Bolsonaro e Biden têm muito a conversar, segundo Koneff

Encarregado de Negócios dos Estados Unidos no Brasil, Douglas Koneff afirma que os presidentes Joe Biden e Jair Bolsonaro têm muito a conversar sobre meio ambiente e prosperidade econômica

Vinicius Doria
Victor Correia
postado em 04/06/2022 06:00 / atualizado em 04/06/2022 13:48
 (crédito: Divulgação )
(crédito: Divulgação )

A diplomacia está trabalhando intensamente para desobstruir os canais de negociação entre Brasil e Estados Unidos, às vésperas da 9ª Cúpula das Américas, que começa na semana que vem, em Los Angeles, com a participação confirmada do presidente Jair Bolsonaro.

Para o governo dos EUA, os dois países compartilham prioridades, como democracia, justiça racial, respeito aos direitos humanos, prosperidade econômica regional, proteção ao meio ambiente com foco na redução dos efeitos das mudanças climáticas, enfrentamento da pandemia de covid-19 e cooperação em segurança e defesa "para promover a paz e o Estado de Direito", segundo declarações do encarregado de Negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Douglas Koneff.

"É natural que os líderes das duas maiores democracias do continente se encontrem. Nós temos uma relação estratégica de longo prazo, baseada nas instituições, que são mais importantes que as personalidades", disse Koneff — um dos principais articuladores do encontro bilateral entre Biden e Bolsonaro — em entrevista, ontem, na sede da representação diplomática, em Brasília.

Eleições no Brasil

O convite de Biden para a reunião bilateral foi feito na semana passada, por intermédio do assessor especial do governo dos EUA, Christopher Dodd, em uma audiência com Bolsonaro, no Palácio do Planalto. Depois dessa audiência, o presidente brasileiro informou que participará da Cúpula, que começa na segunda-feira. A relação entre os dois países está adormecida desde que Bolsonaro se posicionou pela reeleição de Donald Trump, derrotado nas urnas por Biden. O brasileiro foi um dos últimos chefes de Estado do mundo a enviar mensagem de cumprimento ao então presidente eleito.

"Eu espero que eles conversem sobre comércio e investimentos, energia limpa, segurança alimentar. Acho que vão tratar também de mudanças climáticas, vão falar de imigração", disse Koneff, antecipando alguns dos temas que devem fazer parte da agenda entre os dois líderes. "Nosso trabalho (da diplomacia) é prepará-los para falar sobre uma ampla gama de assuntos que são importantes para os dois países. E eu acho que democracia será um desses temas", opinou o encarregado de Negócios, ao ser perguntado sobre como os Estados Unidos veem o processo eleitoral no Brasil.

"Nossa posição sobre as eleições no Brasil é bem conhecida. A eleição brasileira é para o povo brasileiro decidir. E, novamente, estamos confiantes nas instituições brasileiras, e nós dissemos isso várias e várias vezes. Não há o que acrescentar", comentou o encarregado de negócios.

Koneff, que comanda interinamente a chefia da representação diplomática dos EUA, relatou o encontro que teve, mês passado, com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Edson Fachin, e diplomatas de outros países sobre as eleições. Segundo ele, o TSE já confirmou a vinda de observadores internacionais. "Observadores eleitorais são uma parte natural das eleições em todo o mundo, atualmente. Essas organizações estão participando em quase todas as eleições, inclusive nos Estados Unidos. Então, será esse o caso no Brasil também", esclareceu.

Imigração

Outro tema que fará parte da agenda dos dois presidentes é imigração. Douglas Koneff adiantou que "o presidente Biden vai reconhecer o importante papel que o Brasil vem tendo na questão da imigração e nas questões humanitárias".

"Estive recentemente em Prudentópolis (PR) para encontrar ucranianos que fugiram da crise humanitária. E quase me traz lágrimas aos olhos lembrar como eles expressaram a gratidão ao povo brasileiro. Vocês têm muito do que se orgulhar nessa questão, acho que isso é algo que nossos dois lideres vão discutir também", concluiu.

Koneff ficará à frente da representação dos EUA no Brasil até que a indicada por Joe Biden para o cargo de embaixadora, Elizabeth Bagley, cumpra os trâmites para assumir o posto. Em sabatina no Senado americano, no mês passado, ela também fez comentários sobre a eleição no Brasil. Declarou, na ocasião, que o presidente Bolsonaro "tem dito muitas coisas, mas o Brasil é uma democracia, tem Judiciário e Legislativo independentes e liberdade de expressão". Para ela, o país "têm todas as instituições democráticas para realizar eleições livres e justas". A expectativa é que ela assuma o posto antes das eleições de outubro.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.