CONGRESSO

Convocação de ministro da Justiça causa bate-boca em comissão na Câmara

Base do governo quer evitar desgaste de Bolsonaro em ter mais um ministro ouvido em comissão. Com convocação de Anderson Torres, deputados vão cobrar esclarecimentos sobre a morte de Genivaldo Jesus por policiais rodoviários federais

Tainá Andrade
postado em 01/06/2022 17:49 / atualizado em 01/06/2022 17:52
 (crédito: Reprodução/Youtube)
(crédito: Reprodução/Youtube)

A comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (1º/6), requerimento para ouvir o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, a respeito da abordagem de policiais rodoviários federais, em Sergipe, que resultou na morte de Genivaldo de Jesus. O pedido foi feito em requerimento pelos deputados da oposição Talíria Petrone (PSol-RJ), Túlio Gadêlha (Rede-PE) e Alexandre Frota (PSDB-SP).

A tratativa para a aprovação foi marcada por uma discussão acalorada entre os parlamentares governistas e a oposição. Petrone acusou os deputados, sem citar nomes, de estarem a mando dos milicianos. “Não é possível que tenha tanta desumanidade na fala de quem acha natural esse tipo de atitude. Espero que essa comissão esteja a serviço do povo e não da lógica de enxugar sangue”, declarou.

A base aliada a Jair Bolsonaro (PL) alegou que não precisaria ser feita uma convocação, porque o ministro aceitaria ir até a comissão se fosse convidado. Na prática, o argumento é uma tentativa de não desgastar a imagem do governo, que é candidato à reeleição.

O líder da Frente Parlamentar Evangélica, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), saiu rapidamente da reunião para levar um pedido de retirada de convocação ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Enquanto isso, deputados da oposição, como o líder do PSB, Bira do Pindaré (MA), defendem a ideia de que a convocação serviria de defesa para a própria instituição da polícia. “Crimes praticados por agentes do Estado são mais impactantes. Eles devem dar o exemplo. É estranho se não fizermos nada a respeito”, disse ao Correio.

De acordo com ele, o ministro foi convocado para explicar também sobre o motivo da retirada das disciplinas de direitos humanos da grade curricular de formação da PRF e sobre como está sendo o treinamento dos policiais. Além de ouvir o ministro sobre providências e estratégias para prevenir crimes como o cometido a Genivaldo, os parlamentares querem entender como podem auxiliar no tema dentro do Congresso.

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