O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (31/5) que "está conversando com muita gente que participou do golpe" contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Ele defendeu que o diálogo é necessário para a política e afirmou que seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), era contra o impeachment de Dilma.
"Obviamente que eu não faço política parado no tempo e no espaço. Eu faço política vivendo o momento que eu estou vivendo. Eu, agora, estou conversando com muita gente que participou do golpe com a Dilma, porque se eu não conversar, não faz política", disse Lula em entrevista à rádio Band FM do Rio Grande do Sul.
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"Se eu não conversar, você não avança na relação política com o Congresso Nacional, com os partidos políticos. E eu estou fazendo uma campanha que não é do PT. É uma campanha que é do PT, do PCdoB, que é do PSol, do PSB, que é do Solidariedade, que é da Rede", completo o ex-presidente.
O petista estará no Rio Grande do Sul amanhã (1º/6) e quinta-feira (2), quando parte para Santa Catarina, estado onde fica até sexta-feira (3). Segundo Lula, ele terá encontros com o deputado federal Paulo Pimenta (PT) e com o pré-candidato ao governo estadual Edegar Pretto (PT); com os ex-governadores do Rio Grande do Sul Olívio Dutra (PT) e Tarso Genro (PT), além de líderes de outros partidos.
Alckmin e o impeachment de Dilma
Questionado sobre a aliança com Alckmin, que também defendeu o impeachment de Dilma à época, Lula saiu em sua defesa. "Não fale isso, que não é verdade. O Geraldo Alckmin não só era contra como ele pediu o parecer de um advogado que deu um parecer contra o impeachment. Por favor, não fale isso porque o Alckmin é um homem de bem e é um companheiro que vai me ajudar de forma extraordinária a consertar esse país", disse.
Alckmin, porém, em 2016, defendeu em algumas ocasiões o impeachment contra a então presidente. À época no PSDB, Alckmin afirmou que concordava “em número, gênero e grau” com o processo, e que o país "sairia mais forte".
Na entrevista de hoje, Lula também defendeu que o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB), não deixava Dilma governar.
"A Dilma, quando ela tentou fazer mudanças, inclusive na política de desoneração, ela mandava uma medida para desonerar um celular, Eduardo Cunha colocava não apenas a telefônica, mas 50 coisas a mais. Por isso é que nós chamávamos ele de 'homem bomba'. Ou seja, na verdade, nós tivemos um presidente da Câmara que trabalhava com o intuito de prejudicar o governo e não deixar", afirmou o ex-presidente.