A dor de ser governo
Aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) avaliam que o governo já fez tudo o que estava ao alcance para atender as classes D e E — Auxílio Brasil com R$ 400 de valor mínimo, auxílio gás, microcrédito, Casa Verde e Amarela, socorro aos empresários para manutenção de empregos... Agora, se faltar diesel, com a inflação alta e o preço de alimentos e combustíveis minando o humor do eleitor, será difícil tirar a diferença, no segmento mais pobre, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresenta hoje nas pesquisas de intenção de voto.
Embora o abastecimento de diesel e a inflação sejam uma questão mundial, o eleitor quer ver o governo resolvendo esses problemas. Por isso, dizem alguns, não dá para o presidente apenas dizer que tudo é culpa dos governadores e do #fiqueemcasa, como tem feito. Aliados vão aconselhar o presidente a filmar reuniões de trabalho, a fim de mostrar serviço. Afinal, quem é governo sempre acaba sofrendo desgaste por todos as questões, de origem externa ou interna, e é preciso dar uma satisfação ao eleitor.
Onde mora o perigo I
Os petistas comemoram a vantagem de Lula lembrando aos aliados que é preciso saber segurar e administrar a vantagem. Afinal, a campanha oficial será curta e intensa e, com mais candidatos, quem está na frente é sempre o mais atacado pelos adversários.
Onde mora o perigo II
Há entre esses aliados do petista quem diga que é preciso estar atento porque, no Brasil, os três presidentes que concorreram à reeleição venceram: Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff.
Até aqui...
A terceira via da sucessão presidencial é Ciro Gomes (PDT), que mantém a posição em todas as pesquisas. Os partidos de centro que buscam uma alternativa e, hoje, seguem com Simone Tebet (MDB) são, no momento, apenas mais um na piscina dos candidatos com uma pontuação difícil de atrair aliados.
Por falar em Ciro
Em jantar promovido pela Esfera Brasil, esta semana, o presidente do PDT, Carlos Lupi, desconversou sobre o encontro com o deputado Aécio Neves para uma possível aliança com o PSDB em Minas Gerais. Além dos tucanos, Lupi buscou Gilberto Kassab, do PSD. "Kassab é muito pragmático. Se o Ciro bater 12%, 13%, pode vir a bater na nossa porta. Ele sabe que não há possibilidade de Ciro não sair candidato".
E o Orçamento, hein?/ Os novos cortes garantem o reajuste dos servidores, mas vão irritar os deputados e senadores porque nas áreas de educação e saúde não dá para cortar os repasses ao SUS e os recursos para compra de vacinas. Logo, restam as emendas.
"Cara de paisagem"/ É assim que o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin se comporta nas reuniões quando Lula solta um palavrão. Os aliados do ex-tucano, porém, dizem que ele vai acabar se acostumando.