Ebulição

Ciro ataca pré-candidato do PDT em Minas e presidente estadual renuncia

Críticas públicas do presidenciável a Miguel Corrêa, nome que o partido pretende defender na eleição ao governo, fizeram Mário Heringer deixar comando da sigla

O deputado federal Mário Heringer, presidente do PDT em Minas Gerais, pediu para deixar o comando do partido. A decisão, comunicada nesta sexta-feira (27/5), ocorre menos de um dia após o presidenciável Ciro Gomes criticar, publicamente, o pré-candidato pedetista ao governo mineiro, Miguel Corrêa. Ciro chegou a afirmar que Corrêa não vai participar da disputa estadual.

Segundo apurou o Estado de Minas, a resistência pública de Ciro a Corrêa fez com que Heringer se sentisse desautorizado a comandar o PDT em Minas. Ele, então, comunicou o presidente nacional trabalhista, Carlos Lupi, sobre a intenção de renunciar.

"Vou continuar votando em Ciro, pois acho que ele tem o melhor projeto para o Brasil. Vou pedir votos, mas notifiquei o partido sobre minha intenção de deixar a presidência", disse o parlamentar, ao EM.

Ex-deputado federal de larga trajetória no PT, Miguel Corrêa se filiou ao PDT em março deste ano. Ele foi lançado pré-candidato em Minas para ser o palanque de Ciro no estado.

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Os bastidores pedetistas entraram em ebulição após entrevista do presidenciável à "CNN Brasil". Enquanto falava sobre pré-candidatos regionais do PDT que têm simpatia a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro não poupou palavras ao tratar de Corrêa.

"Esse cidadão que se apresenta como candidato do PDT em Minas Gerais, não é do PDT e não será candidato. Inclusive, é inelegível, porque tem ficha suja. Não sei o que veio fazer aqui saindo ontem do PT e se filiando ao PDT. Desse falo publicamente, porque não é companheiro", disparou.

Miguel Corrêa elogiou Lula, mas garantiu estar com Ciro

O imbróglio entre Ciro Gomes e o PDT mineiro começou após Miguel Corrêa tecer elogios públicos a Lula em uma entrevista à TV Paranaíba, afiliada da RecordTV, no último dia 9. Ele chegou a afirmar que "a vitória de Ciro é ter Lula no governo".

"Posso afirmar que, daqueles que gostam muito do Lula - e tenho um carinho e proximidade tanto com Lula quanto com Ciro - que a vitória do Ciro é ter Lula no governo do Brasil. Quando Lula ganhou as eleições, Ciro esteve à frente de ministérios. Tenho certeza que estará novamente se for o caso do Lula vencer", assinalou, à época.

Na semana passada, ao participar do "EM Entrevista", podcast do Estado de Minas e do Portal Uai, Corrêa garantiu alinhamento ao presidenciável de sua nova agremiação.

"Escolhi o caminho de defesa absoluta e intransigente da candidatura do Ciro Gomes. Sem renegar o meu passado, sem dar crédito ao que eu fiz, ao que construí [no PT]", pontuou, assegurando estar "de corpo e alma" na campanha do colega.

Quando lançou a pré-candidatura de Corrêa, o PDT ainda cogitava uma união a Alexandre Kalil (PSD). A aliança entre o ex-prefeito de Belo Horizonte e Lula, no entanto, dificulta um acordo.

A ideia dos pedetistas ao colocar o ex-deputado federal no páreo foi garantir um palanque a Ciro em Minas. Há certo trauma com a eleição de 2018, quando o presidenciável ficou sem um candidato oficial ao governo após o PSB retirar Marcio Lacerda da corrida ao Palácio Tiradentes.

Almoço com Aécio

Nesta semana, Carlos Lupi, do PDT, se encontrou com o deputado federal Aécio Neves (PSDB). Interlocutores ligados aos dois partidos afirmaram que o bate-papo, ocorrido, durante um almoço, foi em caráter de cortesia.

Fontes consultadas pela reportagem apontam que não existem tratativas para que o palanque de Ciro em Minas seja o ex-deputado Marcus Pestana, pré-candidato tucano ao governo.

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