O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem o PSD como um dos principais alvos para a construção dos palanques estaduais. Presidido por Gilberto Kassab, o partido deixou de lado a ideia original de lançar candidatura própria ao Planalto e deixou livres os diretórios estaduais para apoiarem qualquer presidenciável. O desafio agora para Lula esbarra no fato de que a maior parte do PSD tende a apoiar Jair Bolsonaro (PL).
Na semana passada, o PT fechou acordo com o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), que disputa o governo de Minas Gerais. Com isso, o partido decidiu retirar a pré-candidatura ao Senado do deputado federal Reginaldo Lopes (PT), agora cotado para compor a chapa de Kalil como vice.
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Na próxima quarta-feira (1º/6), Lula vai ao Rio Grande do Sul e a Santa Catarina e terá a oportunidade de negociar com os diretórios do PSD nos estados que, até o momento, permanecem oficialmente neutros. A presidente do partido no Rio Grande do Sul, Leticia Boll, já anunciou que o PSD-RS só se posicionará após o lançamento oficial das candidaturas. A tendência nos dois estados, porém, é que o apoio vá para Bolsonaro, que lidera as pesquisas locais.
Segundo membros da campanha petista, está sendo montada uma agenda ampla para a viagem da semana que vem, mas não há confirmação de um encontro com o PSD. A estratégia agora é fechar o maior apoio possível nos estados antes do lançamento oficial da campanha, em agosto. Na reunião de segunda-feira (23/5) com o conselho político da coligação, foi discutida a aproximação com PSD, Avante, Pros e MDB.
Nem mesmo a aproximação com alas do PSDB e com João Doria está descartada, segundo a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. "Não somos contra conversar com ninguém que se coloca nesse campo democrático”, afirmou.
PSD rachado entre Lula e Bolsonaro
O PSD é especialmente visado por ser a quinta maior bancada no Congresso e por não ter apoio fechado. PL, PP e União Brasil já definiram presidenciáveis próprios — Bolsonaro no caso dos dois partidos do Centrão, e Luciano Bivar, no caso do União. Há ainda espaço para acordos pontuais com dissidentes, mas não com diretórios estaduais inteiros.
O PSD tentou lançar candidatura própria com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), que deu para trás. Depois, tentou atrair Eduardo Leite (PSDB), que chegou a negociar a troca de partido, mas permaneceu como tucano.
Sem um nome próprio, Kassab achou melhor não unificar o apoio nacional. mesmo tendo proximidade com Lula, para não causar um racha na sigla. A legenda está dividida quase no meio, com 12 estados tendendo a apoiar Bolsonaro, nove inclinados a irem de Lula, cinco neutros e o Ceará, fechado com Ciro Gomes, segundo levantamento feito pelo jornal Folha de S. Paulo.
Mesmo em Minas Gerais, primeiro diretório do PSD a fechar oficialmente com Lula, parlamentares do próprio partido disseram rejeitar a aliança e afastaram-se de Kalil. “Estarei com o governador Zema e com o presidente Bolsonaro. Já avisei o presidente Kassab, deixei claro que não me junto com Lula e Kalil”, disse o deputado Diego Andrade (PSD). “Sou totalmente contra a qualquer tipo de aliança do meu partido com qualquer partido de esquerda”, afirmou também o deputado Stefano Aguiar (PSD) pelas redes sociais.